Em um lugar escuro, Qetsyah sente um imenso frio e corre aproximando-se de uma chama de fogo que queima uma espécie de espinheiro.
_ Onde estou? O que está acontecendo? _ Pergunta ela.
Uma voz leve, mas ao mesmo tempo sombria sussurra em seus ouvidos:
_ Qetsyah, Qetsyah…
Qetsyah se vira e não vê nada.
_ Tem alguém aqui? Eu estou sozinha? Isso é um sonho ou uma alucinação? _ Indaga ela, sem respostas.
Com frio, Qetsyah volta a se aproximar do fogo e novamente ela ouve a mesma voz a chamar:
_ Qetsyah, Qetsyah!
_ Minha mãe! Rainha das bruxas, me proteja, pois estou com medo! _ Comenta ela.
_ Medo de que? _ Indaga a voz, de forma ríspida e rude.
Qetsyah vê um ser em meio a uma fumaça preta e se aproxima dele, mas quando se aproxima, não vê nada.
_ Perdão, é o senhor? Se é o senhor, me perdoe, eu não consegui identificá-lo! _ Diz ela, curvando-se no local onde havia visto o tal ser que desapareceu.
Após curvar-se, ela sente uma mão tocar seus ombros e dizer:
_ Não tenha medo, eu a escolhi, minha filha.
Qetsyah abre o olho e indaga:
_ Eu posso olhar? Posso me levantar?
_ Ainda não! Mas eu quero saber se você quer ser minha serva e ser lembrada eternamente como a senhora da vida, aquela que não será vencida pela morte e que eternizará minha promessa de possibilitar a humanidade viver como os deuses. _ Diz o ser.
_ Claro que eu quero, eu serei uma deusa? _ Indaga a bruxa.
_ Não, mas um elo que poderá levar qualquer um a divindade. Você será a primeira a proporcionar a todos, uma chance de não morrer e driblar a ira do Tirano, do Inominável, aquele que mata quem não o obedece. _ Diz o ser.
_ Será uma honra, faria qualquer coisa para isso. _ Diz ela.
_ Então, respire e ouça atentamente o que vou dizer! _ Diz o ser.
_ Sim senhor! Assim o farei. _ Responde Qetsyah.
_ O que o velho gagá ensina acontecerá! O Deus tirano destruirá a vida na Terra! Ele mostrará que não é nem longânimo, nem piedoso, mostrará sua pior face, mostrando que não tolera quem o desobedece. Vaidoso, ele quer adoração só para si e traz a morte a todos que buscam a liberdade. _ Diz o ser.
As palavras do ser surpreendem Qetsyah, que involuntariamente se levanta e vira o rosto, sofrendo a ira do tal ser, que lhe dá um tapa no rosto, a derrubando no chão, com sangue em seu rosto.
O tapa do ser dói como a patada de um touro. No chão, ela ouve novamente as palavras do ser:
_ Eu não lhe ordenei que apenas me ouvisse? Não disse para você estar atenta apenas ao que eu falasse?
Qetsyah sente o peso de um touro adulto com patas semelhantes as patas de um touro selvagem, pisando suas costas.
_ Perdão mestre! _ Implora ela, sentindo uma imensa dor.
Após dizer tais palavras, ela sente seu cabelo ser puxado e grita de dor, mas é interrompida pelo ser que sussurra ao seu ouvido:
_ Você quer ver meu rosto, mocinha insolente?
_ Quero, senhor! Quero, mas só se o senhor quiser me mostrar! _ Responde ela.
_ Abra os olhos! _ Ordena a entidade.
Qetsyah abre os olhos e vê um espelho, onde a imagem de um humanoide com rosto de touro, chifres enormes e pergunta:
_ Quem é o senhor?
_ Eu sou o seu deus! Pode me chamar de senhor das trevas, Baal, deus da luz, deus da Terra, Helel Ben Sahar ou simplesmente, e eu gostaria que me chama-se assim, de grande Querubim! O mais belo senhor de todo o universo! Aquele que após sua demonstração de justiça e lealdade, será colocado ao céu, chamado de misericordioso, aquele que não se curvou ao teste do Criador, mas amou a justiça em toda sua essência!
Após ouvir tais palavras, Qetsyah sente o peso esvair de suas costas, vira-se e pega na pata do ser, que ao tocá-la se torna uma mão, Qetsyah se levanta e olha para o ser que agora se converte na aparência de um homem de apenas 1,80 de altura, belo e de olhos azuis, com cabelos dourados.
_ O senhor é lindo!
_ Sim! Você me vê como eu quero ser para você! Agora ouça com atenção minha filha: _Diz o ser, que prossegue: _Diga ao seu namorado e a quem quiser se salvar da ira do Deus da destruição que a morte ensinada por Noach não atingirá aqueles que aceitarem os meus conselhos. Você será o elo entre eles a vida eterna. Eu, o Grande Querubim, aquele que sempre comeu do fruto da Árvore da vida e senhor de todo conhecimento, escolhi você para mostrar que não devemos nos render a tirania do Deus egoísta que não respeita as nossas liberdades e certamente, você, os livrará da morte!