“Meu nome é Bruce Wayne, durante toda minha vida, eu ansiei por justiça. Meus pais foram mortos na minha frente enquanto eu era criança. Meu tio Philip, o parente mais próximo que eu tinha, ao assumir minha guarda, me enviou para um colégio interno, o que me tornou uma pessoa fria.
Mas a falta de afeto familiar somada ao drama de me culpar pela morte de meus pais não me fizeram desejar a justiça em menor grau. Depois de alguns anos, meu tio Philip morreu e eu voltei para Gotham e então fiquei sob a tutela do mordomo de minha família, Alfred Pennyworth.
Alfred, após a morte de meus pais, foi o que eu tive de mais próximo de uma família. Ele me ensinou valores importantes e me fez relembrar dos princípios de meus pais, no entanto, quando completei 18 anos, Joe Chill, o assassino de meus pais, fez um acordo com a promotoria e ganharia liberdade se entregasse provas e tudo que conhecia sobre os esquemas que envolviam os maiores mafiosos da Gotham.
Irritado por ver a impunidade, eu desejei fazer justiça com as próprias mãos. Desejei matá-lo e o faria, se os mafiosos não tivessem executado este intento antes de mim.
Foi aí que eu fui confrontado por minha melhor amiga, Rachel Dawes. Rachel me mostrou que o que eu desejava fazer não era justiça e sim vingança. Então, eu compreendi que Joe Chill, o autor do assassinato de meus pais, talvez não fosse o maior culpado do crime que cometera, mas também era uma vítima de um sistema poluído e corrupto.
Não! Eu não o isento de sua culpa! Mas adiciono a ela, a compreensão de que ele também é vítima e por isso desejei compreender como funciona o crime organizado, para compreendê-lo e combatê-lo, percebi que jamais conseguiria ter essa ampla compreensão sendo quem eu era, um bilionário que nunca passou nenhuma dificuldade prática da vida, apesar de ser um sofredor e uma vítima de problemas pessoais e do crime organizado, um órfão vítima de um sistema corrupto e poluído.
Por isso, eu deixei tudo e fugi como morador de rua. Deixei minha cidade, meu país, meu continente, aprendi novos idiomas à força, vivi situações inimagináveis e inenarráveis, até que em uma prisão, eu conheci uma organização intitulada, a Liga das Sombras.
Eles me ofereceram a oportunidade que sempre desejei, fazer justiça. Porém, eu jamais acreditei que alguém pode oferecer algo bom, então decide me dedicar a aprender tudo que podia com eles, sem me esquecer do meu real objetivo.
Eu busquei aprender tudo que eles poderiam me ensinar e em determinado momento, eles me revelaram a verdade e exigiram que eu destruísse minha cidade.
Naquele momento, eu lembrei da Rachel e tive certeza de que o que eles me ofereciam não era justiça.
Isso já faz muitos meses. Eu os deixei e agora, três anos depois de ter deixado Gotham, eu pretendo voltar para combater os verdadeiros criminosos da cidade e iniciar minha real luta por justiça, estabelecendo o meu legado e usando tudo que aprendi para um propósito heroico!”
Gotham City, ano católico de 1966
Assentado em um café, Alfred Pennyworth lamenta a ausência de Bruce com lágrimas nos olhos.
“Eu deveria tê-lo segurado, eu deveria tê-lo impedido! Eu tenho culpa de sua morte, Patrão Bruce! Eu sou culpado pelo seu triste e inexplicável fim”
Enquanto Alfred medita, apático e triste, um ônibus para na esquina do café e dele, desce Bruce Wayne, barbudo e quase irreconhecível. Quase! Para muitos! Alfred o vê e limpa seus olhos, lamentando:
_ O senhor não acreditaria que eu penso em ti, Patrão Bruce, e vejo um fantasma mais velho de como você poderia estar, se estivesse mal cuidado! _Diz ele, consigo mesmo, tentando enviar uma mensagem para Bruce, imaginando que o mesmo pudesse ouvir.
Bruce, por sua vez, para e se surpreende ao ver o rosto de seu velho mordomo, seu tutor e amigo.
_ Eu não acredito! _ Diz Bruce, consigo, sorrindo como se visse o rosto de um anjo do céu.
Bruce atravessa a rua e se assenta na mesa de Alfred, dizendo:
_ Estou com fome, será que o senhor pode me pagar um milk shake e um sanduíche natural?
Alfred toca a mão de Bruce para ter certeza de que não está alucinando e ao perceber que não é o álcool fazendo efeito, ele ironiza:
_ Eu orava para seu espírito entrar em contato comigo, mas o senhor não acha que para um espírito de um bilionário, um retorno de ônibus é algo nada ortodoxo?