Cabisbaixa e triste, Mina retorna para casa triste, após ter passado o dia repetindo os passos de oito dias atrás quando esteve com Alucard, o suposto príncipe misterioso.
Em sua expressão facial é possível perceber sua decepção: “Eu sou uma tola, uma imprestável! O que eu tenho na cabeça? Meu noivo desaparecido e eu em busca de uma pessoa que eu nem sei realmente quem é?” Pensa ela, sentindo-se totalmente indigna.
Porém, toda sua tristeza e toda sua condenação moral somem quando pela calçada, apenas há duas quadras da casa de Lucy, ela ouve uma voz que reconhece imediatamente:
_ O que poderia levar uma moça tão pura a andar cabisbaixa e triste pelas ruas desta maravilhosa cidade?
O sorriso resplandece no rosto de Mina de tal maneira que ela esquece toda amargura de seu espírito, levanta a cabeça para contemplar o rapaz a sua frente e diz:
_ Alucard?!
Mina não consegue segurar os seus impulsos e abraça o homem sem hesitar. Em seguida, Drácula, que na verdade se apresentou a ela como Alucard, diz:
_ Tão oracular como a tristeza de seu espírito é a glória do sentir o seu abraço!
Imediatamente, a moça percebe o que está fazendo e o solta. Gaguejando, ela confessa:
_ Pa… pa… passei o dia inteiro te procurando! O Dia não! Não! Não só este dia! Há uma semana eu liguei para todos os hotéis… que, que tipo de príncipe não fica em um hotel luxuoso? Que tipo de príncipe anda a pés pela rua sem proteção e seguranças?
Drácula percebe o ímpeto de Mina e coloca seu dedo indicador nos lábios da moça, que se cala imediatamente. Então, calmamente, ele diz:
_ Calma! Eu gosto de seu ímpeto jornalístico, mas há coisas que não precisamos saber imediatamente. A senhorita precisa se acalmar e estamos próximos das 17h, podemos apreciar o popular chá das 5.P.M. em algum refeitório próximo a este local?
_ Sim, claro! _ Responde Mina, que sente seu coração acalmar com a voz de Drácula.
Apenas alguns minutos na companhia de seu misterioso príncipe e Mina esquece toda amargura que tem sentido pela ausência de notícias de Jonathan Harker. Apesar de desejar saber tudo sobre Drácula, Mina ainda sob efeito de anterior hipnose, não consegue fazer nenhuma pergunta a ele sobre sua história, origem e onde ele está, pelo contrário, a conservadora e romântica Mina, de forma incomum, só consegue dizer o quanto sentiu sua falta e o quanto ele a impressionou.
Sorrindo, Drácula agradece:
_ A senhorita pode não acreditar, mas eu posso dizer não me sinto tão bem como estou me sentindo há séculos!
Mina sorri e dispara:
_ Eu amo o hiperbolismo temporal que o senhor utiliza para se expressar!
_ Despertar o amor em uma moça como a senhorita, é uma dádiva que eu imaginei nunca mais proporcionar a alguém de tamanha virtude, em toda minha existência. _ Confessa Drácula.
Cada vez que ele abre a boca, os batimentos Mina se alteram, acelerando quando Drácula começa a falar e acalmando-se ao ouvir o que por ele é dito.
_ O senhor sabe que estou noiva e que eu não me sinto confortável ao estar com o senhor, contando coisas que não conto nem a minha melhor amiga. _ Confessa ela.
_ Eu sei que você é uma jovem digna, incrível, honrada e certamente, merece momentos alegres, com amigos, que é o que eu sou, não é mesmo? Afinal, já posso me considerar um amigo. _ Diz ele, sorrindo.
Mina olha para os lados, vê não há quase ninguém no local, além da atendente, do caixa e deles dois, então, ela movimenta sua cadeira para se aproximar alguns centímetros do misterioso homem, conduz sua mão esquerda de maneira a tocar a mão esquerda do homem pela primeira vez, ignorando o fato da mão do homem ser fria e confessa:
_ Eu não diria que sou honrada e digna, pois o que desejo fazer agora não é honrado, nem digno, pois tendo um noivo maravilhoso que sempre foi perfeito para mim e não suporto ficar mais nenhum segundo olhando para os seus lábios sem beijá-los!
As palavras e o gesto de Mina motivam Drácula a largar a mão da moça, colocar sua mão por trás de seu pescoço e pela primeira vez, beijá-la.
Mina sente os frios lábios de Drácula, mas ignora este fato, recriminando-se por estar traindo Jonathan e beijando outro homem, pela primeira vez em sua vida. No entanto, apesar de sua ética considerar sua atitude um erro, seu coração acelera e a cada segundo que o beija, ela o deseja ainda mais.
Após o beijo, Drácula se sente constrangido a confessar:
_ Lady Monroe, por favor, eu tenho que lhe confessar que já amei outra pessoa, apenas uma, e não a consigo esquecer, por isso vim para esta cidade… _ Mina o interrompe dizendo:
_ Eu também, Jonathan será inesquecível para mim, mas eu não posso me negar o doce sabor da felicidade!
Drácula a beija novamente, mas em seguida, insiste em se desculpar:
_ Perdão, my lady, mas como eu disse, o fato de eu estar buscando novos horizontes e uma nova princesa para o meu reino, me levou a conhecer outras pessoas durante esta semana e eu confesso que talvez isto me torne tão indigno da senhorita quanto Harker.
_ Harker? _ Dispara Mina, fechando sua expressão.
Drácula percebe que não pode revelar a ela que o mesmo se entregou aos desejos naturais do homem e a traiu, relacionando-se com as servas de seu castelo e então diz:
_ Sim, afinal, seu noivo foi para o leste europeu e não lhe dá notícias, não é mesmo? Que homem tem tal atitude e se faz digno de alguém tão especial como a senhorita?
As palavras de Drácula deixam Mina ainda mais apaixonada, em seus pensamentos, ela raciocina: “Que homem diz tais palavras e não merece todo o meu amor?”
Então, ela diz:
_ O senhor não tinha nenhum compromisso comigo, então se o senhor esteve com outras mulheres anteriormente, isto não é de meu interesse. Para mim, o que importa é poder vivenciar momentos ímpares como este, momentos incomparáveis e inesquecíveis!
Constrangido pelas palavras de Mina, Drácula não resiste e a beija novamente!