Após a noite em que conheceu Drácula, Lucy finge que vai dormir e sai discretamente pela porta a procura do misterioso ser que se alimentou de seu sangue anteriormente. Sem ver nada, Lucy sussurra:
_ Monstro, bebedor de sangue? Estou aqui! Cadê você? _ Após uma pausa solitária, Lucy chega a se questionar se tudo na noite anterior não passou de um sonho. Ansiosa para reencontrar o ser misterioso, ela passa a mão na lateral esquerda de seu pescoço e indignada, faz uma proposta: _Se você aparecer, eu prometo te deixar me chamar de Lisa. Prometo que não vou me ofender!
Após dizer estas palavras, Lucy se vira e toma um susto ao ver Drácula a sua frente. Sem raciocinar, ela abre a boca para gritar, mas é contida por Drácula que coloca a mão em sua boca.
_ A senhorita me invoca e se assusta? _ Indaga Drácula.
_ Perdão, é que você apareceu de repente. _ O medo passa imediatamente e Lucy abraça Drácula, dizendo: _ Que bom que me perdoou e retornou.
Drácula acaba sendo constrangido a abraçá-la também, mas a adverte:
_ Se eu fosse você, eu não comemoraria, aliás, não há nada de bom que eu possa fazer por você.
_ Não importa, eu prefiro os maus! _ Dispara Lucy, que em seguida, olha para Drácula e conclui: _ Até porque os maus como você, que dizem a verdade, certamente não farão tão mal quanto aqueles que fingem ser bons. _ As palavras de Lucy constrangem Drácula mais uma vez de forma que ele emudece diante da jovem que o puxa pela mão e o convida a se assentar com ela, no jardim.
_ A quem você contou sobre mim? _ Pergunta ele.
_ Quem acreditaria em uma sonâmbula que saiu a noite e encontrou um homem lindo que se alimentou de seu sangue e não a matou? _ Indaga ela.
_ Não sei, mas provavelmente eu matarei você e todos a quem você revelar o que sabe sobre mim. _ Ameaça Drácula.
A forma mansa e fria com que Drácula diz tais palavras não amedronta Lucy, que em vez de temer e correr, o abraça fortemente e diz:
_ Ainda que eu quisesse contar para o mundo sobre você, certamente ninguém acreditaria.
Drácula ouve as palavras de Lucy e relembra que nem suas três servas se mostraram tão fiéis quanto ela parece ser. Então, indaga:
_ O que você quer, bela moça?
_ Eu quero um amor, um amor como o de minha amiga Mina, que faça me sentir diferente, que me faça esquecer de todos os outros homens e que resista a distância. _ Diz ela.
_ Mina? Sua amiga Mina ama alguém? _ Indaga ele.
_ Sim! Ela é apaixonada por um jovem que está se formando em direito. O cara viajou e ela não olha para nenhum outro homem! Isto sim é um amor verdadeiro! _ Afirma Lucy.
As palavras de Lucy causam uma tristeza tremenda em Drácula, que indaga:
_ Ela não olhou para nenhum um outro homem? Ela te disse isso?
Lucy sorri e diz:
_ Sim! Quer dizer, não, ela encontrou um estrangeiro que disse ser príncipe para ela e fez ela esquecer Jonathan, mas isso foi só por um dia. Hoje ela já passou o dia aflita porque Jonathan não manda notícias para ela.
O fato de Lucy admitir que Mina sentiu algo por ele, mesmo estando comprometida e apaixonada por Jonathan Harker, desperta um sorriso natural e incomum na frívola expressão de Drácula.
_ Olha! Você sorri! _ Provoca Lucy.
_ Sim, e gostei da senhorita! Por isso eu recomendo que retorne e seja uma boa noiva para seu noivo, esqueça de seus sentimentos confusos por mim, Quincey Morris e Jhon Seward. _ Recomenda Drácula.
_ Você os conhece? O que sabe sobre mim? Aliás, o que ou quem é você? _ Indaga Lucy, com os olhos brilhando, animada pelo conhecimento do homem sobre ela.
_ Você quer mesmo saber quem eu sou? _ Indaga Drácula.
_ Sim! E também quero saber quem é Elisabeth! _ Enfatiza Lucy.
_ Pois bem, eu lhe contarei tudo que desejar, mas saiba que se compartilhar algo sobre mim com alguém, sem minha permissão, certamente morrerá! _ Adverte Drácula.
_ Se eu morrer, eu ficarei fria como você? _ Provoca Lucy.
Drácula sorri, não responde e começa a contar toda sua história com Elisabeth:
_ Elisabeth era uma nobre do meu povo, ela foi fiel e me ensinou a amar, foi minha inspiração para desistir de uma guerra. Uma guerra que só ocorreu por causa da maldade de um vampiro, um vampiro muito cruel. _ Começa ele.
_ Então você é um inimigo dos vampiros? _ Indaga Lucy.
_ Não! Eu sou um vampiro e talvez, hoje, eu seja tão cruel quanto aquele que muito me fez mal. Eu escolhi me tornar como ele para fazer justiça e derrotá-lo… _ Drácula conta toda sua história para Lucy, que em pouco tempo, sente por ele, algo que jamais sentiu por Arthur Holmwood, Quiincey Morris ou Jhon Seward.
A noite passa rapidamente e a aurora do dia começa a nascer, então Drácula lhe diz:
_ Obrigado pela companhia, a senhorita fez sentir-me como ninguém desde Elisabeth.
Drácula se levanta, Lucy se aproxima dele e tenta o beijar, mas ele não corresponde, o que obriga Lucy a transformar a tentativa de beijo em leve “selinhos” em seus lábios.
_ Volte a me ver na próxima noite, eu prometo que não falarei nada a ninguém sobre você e vou tentar ser tão boa quanto Lisa. _ Pede ela.
_ Eu voltarei, mas não acho que seja prudente a senhorita sair toda noite, foi sorte Mina e sua mãe não acordarem. _ Diz Drácula.
_ Você tem razão! _ Diz ela, que em seguida, aponta para a janela do 2º andar e diz: _ Aquela é a janela do meu quarto, entre por ali, sempre que desejar!