No dia seguinte, Van Helsing e o trio de antigos amigos de Lucy visitam Jonathan após ele não comparecer ao encontro com eles pela manhã. Quando Jonathan abre a porta, Van Helsing pergunta:
_ Sr. Harker, está tudo bem?
Antes que ele responda, John Seward explica:
_ O senhor não foi à casa de Arthur, ficamos preocupados.
A expressão atípica de Jonathan é perceptível. Ele convida seus amigos para adentrarem e, após todos se assentarem, confessa:
_ Desculpem-me, eu preferi ficar em casa meditando. Infelizmente, apesar de haver prometido não comentar nada sobre as vossas revelações com Mina, eu não resisti. Não consigo esconder nada dela e não tivemos uma noite muito boa.
_ O senhor conversou com ela sobre o contato dela com Drácula? _ Indaga Van Helsing.
_ Sim, a reação dela não foi a que eu esperava e ela também não aprovou a forma como agimos com Lucy. _ Diz Harker.
_ E onde a Sra. Harker está? _ Pergunta Van Helsing.
_ Está em seu quarto, não saiu de lá após nos desentendermos e eu não quis deixá-la só. _ Diz Harker.
_ Ok, eu entendo. _ Diz Van Helsing que em seguida pede: _ Ela tem sido muito simpática comigo, o senhor me permitiria tentar ouvi-la e conversar com ela?
_ Claro, o senhor tem sido um grande amigo. Vou anunciá-lo! _ Diz Harker, subindo a escada e batendo a porta do quarto de hóspedes, onde Mina tem dormido desde que chegaram do leste europeu.
_ O que você quer? _ Indaga ela, ao abrir a porta.
_ O Sr. Van Helsing quer saber se você poderia recebê-lo. _ Comenta, Harker.
_ Eu não vou sair do quarto, se ele quiser, que venha até aqui. _ Diz ela.
Jonathan desce, explica a situação e pede para Van Helsing subir.
Quando Van Helsing sobe, encontra o quarto todo arrumado como se ninguém estivesse nele.
_ Eu esperava encontrar um quarto todo bagunçado, mas pelo visto a senhora é muito organizada. _ Elogia o parapsicólogo.
Mina arrodeia por trás do médico e fecha a porta, em seguida diz:
_ O senhor violou minha confiança, agiu como um velho fofoqueiro ao contar sobre Alucard e eu para Jonathan.
_ Não fui eu quem contou. _ Diz Van Helsing.
_ Ah, sim, foi Lucy, endemoniada, que mesmo dormindo, revelou a ele sobre como eu conheci o Drácula e… _ Van Helsing toca as mãos de Mina e a interrompe:
_ Seward revelou o que Lucy confidenciou a ele e Morris confirmou que a senhora conheceu um jovem quando com eles esteve em Brighton, mas eu enfatizei sua pureza e afirmei que provavelmente vocês apenas deveriam ter tido algumas conversas e, que o assunto principal fora apenas o próprio Sr. Harker, que estava desaparecido.
_ Por que eu confiaria no senhor novamente? _ Indaga Mina.
_ A senhora não tem motivos para confiar em mim, mas se não confiasse, certamente se negaria a me receber. _ Pressupõe Van Helsing.
Mina se assenta na cama, levanta a cabeça e olha com indignação para o médico:
_ Eu o recebi porque não consegui entender suas atitudes. Se o senhor sabia desde o começo que Alucard era Drácula e que ele era um vampiro assassino, por que me pediu para não entregar a Jonathan? Se o senhor matou Lucy porque ela se tornou escrava dele e eu corria tal risco, então por que me orientou a encontrá-lo e correr tamanho risco? Não deveria o senhor me proteger?
Van Helsing se senta ao lado de Mina, pega suas mãos novamente e retira o seu chapéu, colocando ao seu lado na cama. Mina puxa sua mão, então ele indaga:
_ A senhora quer me compreender?
Mina se levanta e, em pé, diz:
_ Eu o compreendo, o senhor está coberto de ódio! Eu não sei o porquê odeia Drácula, mas o senhor não se importou com as mortes de Lucy e Renfield, o senhor não deu uma chance a Lucy, antes os deixou morrer para que, assim como eu, servíssemos de isca para capturar o Drácula. O senhor o chama de monstro por ser vampiro, mas o senhor já reparou que o senhor, mesmo sendo humano, se comporta como um monstro.
Van Helsing se levanta lentamente, caminha até Mina, se coloca em frente à moça e diz:
_ Você tem toda razão no que diz, mas está equivocada sobre dois assuntos muito importantes.
_ O quê? Vai dizer que não é um monstro? Vai dizer que se importou com Renfield ou Lucy? Vai me dizer que, após ter libertado de alguma forma oculta o Renfield dos domínios vampíricos, em vez de o libertar, deixou-o preso como se ainda estivesse louco? _ Pressiona Mina.
Van Helsing sorri, pega as mãos da moça novamente e diz:
_ A senhora esteve com ele novamente, não esteve?
_ O senhor não é sincero comigo, por que eu seria contigo? _ Rebate Mina.
_ Porque eu sou como o Drácula, um monstro! Porque eu realmente não me importei em deixar Renfield e Lucy seguirem o destino que eles escolheram, mas eu estou me esforçando para lhe proteger, porque a senhora é diferente. _ Surpreende Van Helsing.
Surpresa, Mina se cala, engole sua saliva e indaga:
_ Como assim, o senhor é como Drácula?
_ Somos fadados à condenação, sofrimento. Somos fadados a perder quem está à nossa volta, mas há uma diferença entre nós. Eu luto pelo meu povo e faço o que é necessário por ele. Drácula já foi assim, mas desistiu de tudo e hoje é um monstro solitário. Ele não tem nada a perder! _ Dispara Van Helsing.
_ Seu povo? Do que o senhor está falando?
Van Helsing olha nos olhos de Mina e diz:
_ Me perdoa! Por favor, me perdoa.
Mina se surpreende novamente com a humildade do psiquiatra e indaga:
_ Te perdoar por você ter me usado e me oferecido como isca para atrair Drácula?
_ Não! Eu não o fiz! _ Diz Van Helsing.
_ Não! _ Mina puxa suas mãos novamente, vira-se de costas e diz:
_ Vai me dizer que não foi por isso que inclusive me orientou a não me entregar para Jonathan?
_ Não foi! _ Surpreende Van Helsing, novamente.
Mina se vira e pergunta:
_ Que paranoia é esta que o senhor está usando para tentar me confundir?
Van Helsing se aproxima lentamente da moça, pega suas mãos novamente, olha em seus olhos e diz:
_ Eu poderia te dar mil explicações, mas meu gesto será superior.
Van Helsing se aproxima lentamente para beijar Mina, que, percebendo a ação do médico, vira sua mão com força em seu rosto!
_ O senhor realmente não presta! _ Diz ela, mas o momento tenso é interrompido com um barulho de vidro quebrando, vindo do quarto de Jonathan.