Em seu escritório, Van Helsing recebe Mina, bastante triste, sem nenhum brilho em seu rosto. Após algum tempo de silêncio, os dois se olham e Van Helsing diz:
_ Eu vou provar que eu fui sincero e que a senhora me impressionou como nenhuma mulher em toda minha vida. _ Mina não responde, Van Helsing então dá a volta na mesa, assenta-se ao seu lado, e então diz: _ Tudo que fiz, foi por causa do meu povo, eu vou lhe contar tudo que você precisa saber e depois disto, entenderá que eu realmente a amo, a ponto de abdicar de meus sentimentos por você.
Algum tempo depois, Mina sai da sala sorrindo. Apreensivo, Jonathan se levanta, pega suas mãos e diz:
_ Mina, eu sei que talvez você nunca me perdoe, mas eu te amo e precisava te livrar das garras daquele monstro.
Mina o surpreende com um beijo e depois diz, sorrindo:
_ Eu sei! Eu te entendo, vamos esquecer tudo! _ Em seguida o abraça e esboça um sorriso irônico.
Atrás do casal, Van Helsing os interrompe:
_ Eu odeio estragar o momento dos pombinhos, mas preciso falar com o senhor e com meus três grandes e inesquecíveis amigos.
Jonathan e seus três amigos se levantam e acompanham Van Helsing até a sala de Seward, onde Van Helsing tem realizado seus atendimentos.
_ Minha missão, eu cumpri, agora, vou partir, há outro chamado para mim muito longe daqui, foi uma grande batalha e vencemos com destreza! _ Comemora o médico.
_ Não! _ Interrompe Harker.
_ Como assim? _ Pergunta John Seward.
_ Eu não queria dizer antes, mas ainda há os ciganos e as servas de Drácula, como ele não retornará ao castelo, eles virão atrás de nós. Precisamos partir para Transilvânia e terminar o que começamos. _ Dispara Jonathan.
_ Eu sou parceiro! Já matamos dois vampiros, por mim, matamos todos. _ Concorda Quincey Morris.
_ Eu me alegro com vossa empolgação, Sr. Morris, mas não será necessário. _ Pontua Van Helsing.
_ Mas as servas dele me fizeram tão mal quanto ele, aliás, elas que me fizeram mal de forma direta. _ Insiste Harker.
_ Meu querido amigo, Lucy, sua esposa, as servas de Drácula e seus servos ciganos são apenas vítimas do monstro vampiro, quando Drácula morreu, seus servos foram libertos de suas influências. Tenha certeza de que nenhum deles lhe fará mal. _ Explica Van Helsing.
_ Mina também? _ Indaga Harker.
_ Eu fiz um ritual aqui, imagino que o senhor já tenha percebido que ela já mudou seu comportamento. _ Diz Van Helsing.
_ Sim, eu percebi, até fiquei temeroso quanto a isso. _ Confessa Jonathan.
_ Então relaxe e tente reconquistar sua esposa, Drácula é coisa do passado. _ Recomenda Van Helsing.
_ Se é assim, vamos brindar a vitória! _ Comemora John Seward, com um copo de bebida na mão.
_ Eu não costumo beber nada alcoólico, mas creio que a situação mereça. _ Concorda Arthur Holmwood.
Transilvânia, uma semana depois:
Van Helsing se reúne na floresta com os ciganos do castelo do Drácula em uma noite de lua cheia. Os ciganos estão acompanhados de diversos lobos.
Sem medo, Van Helsing se coloca diante de todos e diz:
_ Meus irmãos, eu vim para anunciar que vocês estão livres, o homem que se assenhorou de vocês e vos enganou por décadas já não existe!
_ Foi por isso que as ladys se desintegraram? _ Indaga um dos ciganos.
_ Sim! Nem ele, nem suas servas, podem lhes fazer mal! _ Responde Van Helsing.
No entanto, o líder dos ciganos se coloca diante de Van Helsing e diz:
_ Drácula não nos oprimia, ele era nosso senhor e nos protegia!
_ Protegia? Não era ele quem obrigava vocês a matarem todas as suas filhas? A maioria de vocês são lobisomens puro sangue, podem controlar sua transformação. Todos vocês, transformados e puros sangues, podem ler os pensamentos uns dos outros, mas vocês já repararam que não podem ler a minha mente? _ Provoca Van Helsing.
_ Sim, porque você não é um de nós! _ Diz o homem que se coloca frente a frente com ele.
_ Não! Eu sou a prova viva de que Drácula os oprimia e os temia. Vocês nunca ousaram o questionar sobre porque ele os obrigava a comer e matar suas próprias filhas? _ Insiste Van Helsing.
_ Porque as filhas de lobisomens viram aberrações e aumentam nossa maldição. _ Responde um dos lobos.
_ Será? Então vejam o que eu posso fazer! _ Diz Van Helsing, que em seguida, tira suas roupas, se transforma em lobisomem à frente de todos e começa a se comunicar com todos por telepatia:
“Meu pai era lobisomem e minha mãe também, a união de ambos tornou minha existência possível, eu não sou apenas um de vocês, eu sou um alpha, capaz de controlar minhas transformações e em noites de lua cheia, sou capaz de controlar todos os transformados. Drácula não ordenava a morte das vossas filhas para vos proteger, mas para se proteger, pois ele sabia do que um lobisomem alpha era capaz!”
Após transmitir esta mensagem, Van Helsing volta a sua forma humana e ordena que todos os lobos, que na verdade são lobisomens que assumem a forma de lobo durante a lua cheia uivem e circulem em torno de todos. Então, ele diz:
_ Estão vendo, nossos irmãos transformados não conseguem controlar seus movimentos, eu os controlo! Mas não vim para os escravizar, vim para os libertar! Por tanto, sigam seu líder e dirijam-se para bem longe daqui. Tenham filhos e filhas e não se submetam mais a ninguém, pois vocês não nasceram para servir. Vocês nasceram para dominar!
Após ouvir tais palavras, um dos lobisomens puro sangue diz:
_ O homem tem razão! Drácula nos enganou, agora somos livres!
_ Somos livres! _ Gritam todos.
Então, Van Helsing volta a assumir a forma de lobo e começa a uivar. Em seguida, todos fazem o mesmo e o seguem, uivando!
Castelo do Drácula, um mês depois:
_ Elas se tornaram em cinzas como todos os servos de meus pais, quando o seu os matou, mamãe! _ Diz um jovem, tocando as cinzas de uma das servas de Drácula.
_ Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu não tenho pai, minha família é só você, Alexandre! Eu sou July Corvinus, sua mãe e sua única família! _ Diz July, a filha vampira de Drácula, reunindo as cinzas das servas de seu pai em três potes separados.
_ Então, por que você reúne as cinzas das vampiras que o serviram? _ Indaga Alexandre.
_ Porque elas lhe foram fiéis merecem ficar na memória. _ Diz a jovem, que após reunir as cinzas, as coloca em um armário, no castelo.
_ Ele tinha diversos lobos que os servia, para onde foram eles? _ Indaga Alexandre.
_ Lobisomens são como cachorros, quando perdem seu dono, procuram outro. Certamente encontraram um novo senhor, talvez o mesmo ser que o matou! _ Responde July.
Alexandre abraça sua mãe, beija sua testa e diz:
_ A melhor coisa que fizemos foi renunciar ao poder e vivermos em liberdade, sem nenhum compromisso ou posição política, mamãe.
_ Você diz isso por você, eu ainda serei uma grande rainha, pode passar o tempo que passar, mas eu terei todo poder que eu sempre mereci! _ Respondi July Tepes Corvinus.
Amsterdã, cinco anos depois:
_ Dr. Van Helsing, chegou uma encomenda para o senhor e veio acompanhada de uma carta.
Van Helsing abre a encomenda e percebe que é um enorme caderno, datilografado, então ele abre a carta:
“Querido doutor, estou lhe enviando o diário conforme você solicitou. Confesso que sua decisão de exaltar meu romance com Drácula através de um livro, publicado por um amigo seu foi uma decisão surpreendente, mas isso prova que sua ação contra ele nunca foi nada pessoal e que o senhor sempre soube que nunca seria o fim.
Agora, eternize o meu amor e a memória de meu outro amado, pois sua atitude mostra que você realmente é digno do meu amor.
Com carinho,
Mina (Van Helsing) de coração
e Harker de certidão de casamento.
PS: Que Drácula me perdoe por te aceitar como meu belo cãozinho de guarda.
Uma semana depois, novembro de 1896:
_ O senhor está entendendo, Sr. Stoker, o senhor escreverá esta obra, será um sucesso, mas por favor, retire dela toda e qualquer declaração passional da Sra. Harker para Drácula ou para mim, deixe apenas as declarações dela para seu esposo, o mundo a conhecerá apenas como uma vítima do Drácula que triunfou sobre ele e o venceu. _ Diz Van Helsing a um amigo escritor, vindo de Dublin.
_ Tem certeza de que não terei problemas com a senhora Harker, este livro já está quase pronto, é só retirar o que o senhor pediu e publicar.
_ O senhor já publicou quatro livros, meu amigo, mas Drácula será o livro de maior sucesso que o senhor já viu! _ Enfatiza Van Helsing.
Londres, Maio de 1897:
_ Eu não acredito, meu amor, o Dr. Van Helsing nos enviou este livro contando nossa história e experiência com o Drácula e mostrando o vilão que ele é! _ Comemora Jonathan Harker, com seu corpo totalmente revigorado, ao mostrar a obra que recebeu pelo correio, enviada pelo seu amigo. Mina engole seco a saliva e pede o livro para ler.
Após uma noite inteira, termina sua leitura e vai até sua máquina de escrever, onde escreve:
“Durante cinco anos, você foi meu amante, fingiu me amar, mas o que fez com a deturpação da obra, será imperdoável, saiba que a partir de hoje, eu te esquecerei, seu vira-lata, e quando eu descobrir como trazer o Drácula de volta, ele saberá que você foi apenas um cachorro pulguento que sempre o invejou.
Você me enganou por cinco anos, mas não enganará mais!”
Um ano depois:
Com seu filho nos braços, Jonathan Harker e Mina se dirigem ao cartório e sorrindo, ele comemora:
_ Os cinco primeiros anos foram difíceis, mas nosso casamento finalmente parece engrenar!
_ Claro amor, mas agradeça ao Dr. Van Helsing, ele me mostrou que você era o meu amor, quando nos enviou o livro Drácula, de Bram Stoker. _ Enfatiza Mina.
Harker beija Mina, mas o beijo do casal é interrompido pela atendente do cartório:
_ Qual vai ser o nome do garoto?
_ Miguel, vem do latim e significa, “Quem é Igual a Deus?”, é uma forma de agradecer o ano abençoado que Deus nos deu e meu primeiro fruto. _ Explica Jonathan.
A escrivã se vira para escrever, mas Mina indaga:
_ Ela vai escrever Michael, pode ter certeza!
_ Não, eu expliquei que é latim. _ Pontua Jonathan.
_ Posso escrever e levar para ela escrever da forma correta? _ Pede Mina.
_ Claro, meu amor. _ Concorda Jonathan.
Mina escreve algo em um papel e leva para a escrivã, que sinaliza algo para Harker, que com seu bebê no colo, apenas faz um gesto positivo.
Então, a escrivã indaga para Mina.
_ Então o nome dele vai ser Vlad Miguel?
_ Sim, é uma homenagem a um grande amigo de meu marido. _ Responde Mina.
Algum tempo depois, Jonathan assina o registro sem ler, empolgado com seu filho primogênito em seus braços. Mina, sorri, beija a testa de seu filho e pensa: “Você é meu filho e será a prova que nem seu pai, nem o pulguento do Van Helsing vão apagar meu verdadeiro amor, você os lembrará que eu só amei um homem em minha vida!”
Dez dias depois:
Ao pegar o registro de seu filho para levar ao pediatra, Jonathan lê o nome escrito na certidão de nascimento: “Vlad Miguel Monroe Harker” e grita:
_ Minaaaaa! Você não fez isso comigo?!
