O sol se põe no oeste brasileiro. Em Ponta Porã, William mata um carneiro inteiro e uma vaca para oferecer a seus convidados durante a data que faz alusão a celebração da Pessach. Pessoas de toda cidade comparecem a super festa organizada pelo capitão de polícia licenciado.
A sós com Amada, Madm parece preocupado. Então, ela indaga:
_ O que foi?
_ Tanta gente, o William realmente é influente na cidade, olha o tanto de gente que ele conseguiu reunir. _ Confessa Madm.
_ E não foi para isso que Deus nos enviou? _ Questiona Amada.
_ Era, mas você não acha que estamos chamando muita atenção? _ Pergunta Madm.
_ Acho que se um anjo de Deus te mandou para esta realidade, é para você brilhar! _ Diz ela.
_ Verdade, Deus tem sido incrível conosco. _ Diz Madm.
_ Aproveite a oportunidade e honre o nosso Deus! _ Recomenda Amada.
Algum tempo depois, William pede para que a comida seja colocada a mesa, mas antes de todos se servirem, ele pede a palavra:
_ Meus amigos, amigos dos meus amigos. Sei que a maioria aqui está acostumado aos costumes da região, aos costumes católicos. Hoje, para muitos de vocês é a segunda-feira santa, a semana mais importante do ano. Em que relembramos a morte e ressurreição do Cristo.
_ Exatamente! _Comenta alguém entre os convidados.
_ Vocês sabem que eu recebi alguns amigos especiais em minha casa, amigos estes que têm sido uma benção em minha vida, eles têm me ensinado sobre as Escrituras sagradas e me mostrado coisas que nos são ocultadas pela nossa Igreja. Antes de nos alimentarmos, gostaria de cinco minutos da atenção de todos, para que meditássemos nas palavras de um destes nossos amigos, Tony Madm. _ Madm se aproxima, William o abraça e pede: _ Madm, eu os convidei hoje para celebrarmos juntos a Pessach, mas muitos não tem ideia do que seja isso, então nos auxilie e conte-nos sobre este tempo de salvação e julgamento.
Madm começa seu discurso:
_ Tentarei ser breve e falar de forma simples. Pessach é uma palavra hebraica que significa passagem, páscoa é a variante latina para descrever o mesmo evento, porém com outro significado. Em Êxodo 12, Deus institui a Pessach, ele ordena a Israel que celebrem a Pessach de determinada forma. Israel o obedece e assim, ele livra todos os primogênitos da morte, algo que não foi possível aos egípcios que não sacrificaram o cordeiro de Deus.
_ Milhões de primogênitos morrendo, isso me parece algo cruel. _ Sussurra Ângela.
_ Realmente, mas Deus deu oportunidade a todos, inclusive aos egípcios, aqueles que cressem, deveriam se unir a Israel e participar da Pessach, sacrificar o cordeiro, pôr o sangue no umbral da porta, se abster de fermento e celebrar o milagre de Deus. Pois assim como foi permitido a morte de muitos primogênitos entre os descrentes, entre aqueles que creram e demonstraram temor ao verdadeiro Deus, houve proteção e libertação. Assim se instituiu a Páscoa. _ Pontua Madm que é interrompido por uma mulher, uma senhora com roupas de beata.
_ Mas Cristo não morreu e rejeitou Israel, elegendo-nos, fiéis a santa e madre Igreja que ele mesmo instituiu?
_ Deus nunca estabeleceu ou criou uma igreja, Yeshua ensinava o arrependimento! Aqueles que se arrependem, certamente recebem o perdão, exatamente porque sacrificam o cordeiro de Deus. _ Responde Madm.
_ Isto é uma sandice! Deus nos proibiu comer de carnes sacrificadas, isso aqui é uma heresia! _ Grita a mulher.
_ Acalmem-se! Há uma explicação! _ Pede William.
_ Na noite de 14 de abibe, noite anterior a Pessach do ano da morte de Yeshua, a quem comumente chamamos de Jesus, o Mestre celebrou um jantar com seus amigos mais próximos dizendo que seu corpo seria representado pelo pão sem fermento e seu sangue, pelo suco integral de uva, comumente chamado de vinho. Desde então, é assim que podemos celebrar a Pessach, pois o cordeiro pascal no Egito era um símbolo do cordeiro de Deus, assim como o pão sem fermento e o suco de uva. _ Explica Madm.
_ Então por que vocês nos convidaram pra comer uma vaca e um carneiro? _ Pergunta a mulher.
_ Como é seu nome? _ Pergunta Madm.
_ Pode me chamar de dona Mariquinha, e já antecipo que sou católica apostólica romana e não vou deixar a minha fé, por coisas suspeitas. _ Enfatiza a mulher.
_ Eu não quero que a senhora deixe nada, apenas quero que as Escrituras sejam esclarecidas e que você tenha opção de saber a quem obedecereis, se ao homem, ou a Deus. _ Desafia Madm.
A mulher se cala, o esposo dela sussurra no ouvido:
_ Amor, por favor, não dê vexame, estamos na casa de um amigo para uma refeição, apenas isso.
Mas ela volta a falar em voz alta:
_ Além do mais, Cristo morreu na sexta-feira santa, a Páscoa é domingo e se ele mandou celebrarmos como é devido, com pão e vinho, fizemos isso ontem na missa do Domingo de Ramos. Isso aqui é só uma festa.
O povo começa a discutir e debater em torno do que ambos dizem e alguns reclamam:
_ Estamos com fome!
Outros murmuram:
_ Esta briga por religião vai estragar nossa festa!
No meio do povo, um grupo apenas deseja experimentar o apetitoso jantar, onde as carnes de carneiro e de vaca brilham sobre a mesa, mas ninguém as toca, por respeito a William.
_ Silêncio! _ Pede William. _ Vocês são meus convidados e aceitaram o convite para celebrar a Pessach. Todos sabiam o propósito desta reunião. Agora que estão aqui, será possível ouvirem meu convidado e amigo explicar as Escrituras para vocês?
_ Ah!! _ Grita a mulher! _ Ele é padre? Foi ungido pela santa e madre Igreja? Quem é ele para ensinar a nós o que a Igreja nos ensina corretamente? É um enviado de Satanás para criar a desordem nesta cidade! _ Diz Mariquinha, que não espera Madm prosseguir e diz: _ Deveria ter ficado em casa e comer a carne de panela. Vamos embora Zé, já vi os rostos de cada herege que aqui está e vou relatar ao santo padre. _ Puxando o esposo, a mulher sai, alguns, decidem a seguir discretamente.
Vendo que parte dos convidados decidiram ir embora, William indaga:
_ Se alguém aqui pretende causar confusão, sugiro que sigam dona Mariquinha e o sr. José, mas aqueles que querem conhecer as Escrituras Sagradas e saber a verdade sobre a Pessach, eu recomendo que fiquem, ouçam o que Madm tem a dizer e depois, se acharem que estamos praticando alguma heresia, que não se alimentem conosco, mas que em ordem, respeitem minha residência e ouçam o que meu amigo, Madm, tem a dizer!
Todos ficam em silêncio e Madm começa a falar novamente:
_ Vou tentar apenas esclarecer o que dona Mariquinha indagou, mas aqueles que tiverem mais dúvidas, eu estarei respondendo as indagações de todos. _ Explica ele. _ A Pessach, segundo Êxodo 12, foi estabelecida em 14 de abibe, o primeiro mês da Bíblia, e não numa sexta-feira ou domingo. Yeshua morreu na véspera do pôr do sol de Pessach, e este dia é chamado de véspera de shabat, não porque era uma sexta-feira e sim porque era a véspera de um dia de descanso, que não necessariamente era o sétimo dia da semana. O shabat de Pessach, segundo o calendário de Deus, ocorre hoje e não na próxima sexta ou domingo. Yeshua ressuscitou ao terceiro dia, ou seja, depois de três dias pela contagem inclusiva, e ressuscitou na noite após o shabat, não necessariamente na madrugada de domingo, pois se tratava de um shabat anual, segundo o texto original e Deus nos pede para não comermos nada fermentado por sete dias e repousarmos no primeiro e no sétimo dia, durante este período, ou seja, amanhã e na próxima noite de domingo e manhã e tarde de segunda-feira. Este carneiro e essa vaca, não são sacrifícios, pois Deus estabeleceu que desde que seu Templo foi criado, seus sacrifícios, somente poderiam ser oferecidos em Jerusalém, conforme os ritos que a Lei estabelece. Portanto, podem comer sem medo, é apenas uma oferta do nosso anfitrião, William, dedicada ao nosso paladar.
_ Agora falou minha língua! _ Grita um dos vizinhos de William. Muitos aplaudem.
Madm então pede para Ângela, Amada e Let trazerem as formas com pães sem fermento e suco de uva e então diz:
_ Antes, porém, gostaríamos que comêssemos juntos, um pouco de suco de uva e uns pedaços de pães sem fermento, simbolizando o corpo e sangue do cordeiro que Deus sacrificou por todos nós.
Amada, Ângela e Let distribuem os pães e o suco. Amada vai a frente com as formas de pães, Let distribui os copos e Ângela serve o suco. No entanto, alguns rejeitam o convite e decidem não participar do cerimonial de Pessach, o que entristece William.
Outros, no entanto, durante o jantar e até mesmo após o mesmo, procuram Madm para se justificar, afirmando que não poderiam deixar de trabalhar no dia seguinte, nem durante o sábado, pois são proletariado e estão à mercê de seus empregadores. Entre eles, Vinícius conversa com Madm após o jantar:
_ Seria impossível eu faltar amanhã. Minha família precisa comer, meu salário já não é muito, imagina se eu perder meu emprego por faltar sem avisar. _ Justifica ele.
_ Pois é Vinícius. Esta tem que ser uma decisão pessoal sua, o que é mais importante, o dinheiro ou Deus? Eu prefiro servir a Deus! Mas eu entendo que não será correta a sua decisão de optar pela Bíblia, exceto se estiver convencido de que realmente esta é a verdade, pois se agir de forma diferente, ainda que por um tempo pratique o que é correto, tão logo voltará a rejeitar a escrituras. _ Enfatiza Madm.
Desta maneira, Madm conversa com todos e tira dúvidas sobre as Escrituras. Alguns ficam maravilhados e decidem se tornar seguidores de seus ensinos, pois veem William e sua casa sendo abençoados e também querem participar desta benção. A estes, William promete empregá-los em seus empreendimentos.