“Meu nome é Silas, após ter ouvido a pregação de Noach à cerca do dilúvio, eu temi a morte e fui convencido por minha ex-noiva a participar de um ritual e me converter em um vampiro.
Durante o ritual, eu me arrependi, pois para me tornar o que sou hoje, uma virgem inocente teve que morrer, mas após me tornar o que sou, eu matei muito mais que uma virgem.
Como vampiro, eu tenho uma sede insaciável, um desejo por sangue que se assemelha a ao desejo de um dependente químico por um entorpecente. Por sangue, eu mato, eu caço, eu faço minhas vítimas e muitas vezes me questiono, será que não sou eu mais cruel do que minha ex-noiva que sacrificou uma virgem inocente para eu me transformar no que sou?”
Enquanto Silas medita sobre sua conduta, isolado na floresta, alguns homens se reúnem na taberna onde outrora ele ouviu a pregação de Noach.
_ Os três não retornaram mesmo da floresta? _ Indaga um deles, que em seguida ingere uma bebida forte.
_ Não, mas foram avisados que o “mal da floresta” mata quem se aproxima dela.
_ “Mal da Floresta”? Um shedin ou um sentinela? _ Indaga o outro homem.
_ Nem shedin, nem sentinela, dizem que ele é um vampiro, um morto-vivo cruel, obcecado por sangue que se alimenta de seres humanos como um nefilim. Dizem que o tal vampiro pode não ter a altura gigantesca de um nefilim, mas é tão cruel ao se alimentar dos mesmos quanto os filhos das mulheres com os deuses em forma de repteis. _ Comenta o outro.
A atendente se aproxima da mesa, serve mais uma rodada de bebidas e comenta:
_Dizem que foi Qetsyah, a proprietária da taberna concorrente que o criou com magia negra suficiente para que ele possa ser mais poderoso que um nefilim, um sentinela ou shedim, há quem diga que o tal vampiro tem o poder dos deuses e como os deuses se alimenta de sangue humano.
_Shedin, nefilim, sentinela, deuses, a humanidade precisa reagir! Precisamos matar todos eles, senão, eles vão nos escravizar! _ Enfatiza o primeiro homem, que em seguida, crava sua faca na mesa.
O dono do estabelecimento chama a jovem atendente e pergunta:
_ O que você comentou com nosso cliente que o irritou?
_Nada, apenas falei que a bruxa da taberna concorrente é criadora do vampirismo e que ela é uma sacerdotisa dos demônios. _ Responde a moça.
_ Não seja tola, fazendo propaganda da concorrência e ainda irritando um dos nossos poucos clientes que ainda nos restam. Não vê que aquela bruxa tem realmente intimidade com as entidades espirituais? Não fosse assim, ela não teria roubado quase todos os nossos clientes. _ Lamenta o dono da taberna.
_ Nossa taberna está cheia, o senhor não tem por que reclamar. _ Aponta a funcionária, indicando que quase todas as mesas estão ocupadas.
_ Você não conheceu isso aqui quando era um sucesso, não havia lugar para se assentar, os clientes faziam festas em pé, dançavam, hoje recebemos apenas consumidores medíocres que bebem moderadamente. _ Insiste o proprietário, lamentando a diminuição de seus negócios.
Enquanto isso, não muito longe dali, na taberna de Qetsyah, orgias e diversões sem limites ocorrem, tornando a poderosa bruxa cada vez mais rica, arrecadando cada vez mais.