Dois meses depois:
“Há dois meses, ninguém visita a floresta, estou ficando fraco!” Pensa consigo o primeiro vampiro.
_Preciso ir à cidade! _Diz ele, consigo mesmo.
Silas decide escolher prudentemente sua próxima vítima: “Não é difícil encontrar alguém sem caráter, alguém perverso nestes dias.” Pensa ele, consigo.
O vampiro solitário deixa a floresta e avista a taberna onde tudo começou, onde encontrou Noach e se aproxima do lugar.
Ao adentrar o local, ele observa que o mesmo agora é muito menos frequentado do que antes. Há um público interessante presente, mas este público não se compara ao público de 18 anos atrás.
Sozinho, ele se assenta a uma mesa e dispara:
_ Foi aqui que aquele velho maldito me assombrou e levou a desgraça que vivo hoje.
Silas abaixa a cabeça e triste, ouve uma voz que muito se assemelha a voz de Brigde, a moça sacrificada durante o ritual que o tornou o poderoso ser que o é atualmente.
Ele levanta sua fronte e sua mão treme quando ele avista a moça que o atende.
_ O que o senhor quer pedir? _ Pergunta a jovem com aparência idêntica à de Brigde.
Silas trava, perplexo, ele não consegue responder, nem falar nada, em suas memórias, a imagem da moça morta o leva a indagar: “Brigde? Será que você se tornou imortal como eu? É você mesmo?”
Apesar de realizar tais conjecturas em seus pensamentos, o vampiro não consegue mover seus lábios e nada indagar.
_ O que vai pedir, senhor? Preciso que faça seu pedido? _ Repete a moça pela terceira vez, porém Silas segue atônito, travado, sem saber como agir, gaguejando.
Após longos segundos de silêncio, ele tenta mover seus lábios, mas apenas consegue balbuciar:
_Brid, Brid…
Ele ainda está tentando dizer algo quando o proprietário do estabelecimento se aproxima e brada:
_ O Mané, a garota tem muita gente para atender, se não vai dizer nada, então saia daqui imediatamente.
Irritado, Silas levanta e se lança contra o homem, dando-lhe um soco no rosto.
Alguns clientes se movem, outros não se importam, Silas olha nos olhos do homem e diz:
_ Você vai me tratar educadamente e vai permitir que a moça me faça companhia, ela não vai trabalhar hoje, ok? Você fará o trabalho dela e eu não vou pedir nada. _Hipnotizado, o homem sai e não diz nada, Silas olha para a moça e em vez de demonstrar medo, ela sorri. _Desculpa moça, eu… _ Tenta dizer ele, que é interrompido por ela, que afirma:
_Garantiu uma folga pra mim! O senhor é um dos sentinelas ou é um bruxo como Qetsyah, a dona da taberna concorrente?
_ Sentinelas, aqueles anjos que vêm a Terra para dormir com mulheres? _ Indaga ele.
_ Sim, eles costumam visitar este lugar e normalmente afrontam meu chefe usando magia como o senhor fez. _ Responde a moça.
_ Não, quem dera eu ser um anjo! _ Afirma ele.
_ Se o senhor não é um sentinela, o que o senhor é? _ Indaga a moça.
_ Sou Silas, o habitante da floresta! _Diz ele, quando percebe um olhar medonho na moça.
Após dizer tais palavras, todos os rostos presentes se viram para ele, que percebe não ser ali o local adequado para entender o mistério que envolve a moça.
Então, ele olha nos olhos da moça, pega sua mão e diz:
_ Vamos comigo a floresta, quero te conhecer melhor!