Refletindo solitariamente, Ellie caminha pelo pátio sem perceber que começou a conversar consigo mesma. Do alto e belo teto de vidro da escola, ela é observada por uma garota magra de cabelos lisos e compridos que também comenta consigo mesma:
_ Só porque é loirinha e bonitinha, ninguém vai falar que ela é esquisita.
No entanto, ela é surpreendida por uma voz masculina que diz:
_ Se você a acha esquisita por falar sozinha, eu devo imaginar que você percebeu minha presença e esteja falando comigo?
_ Não mesmo! _ Responde a garota.
O jovem se assenta ao lado dela, na parte de vidro e diz:
_ E eu fosse um pouquinho mais gordo, e esse vidro quebrasse, a gente sobreviveria?
A garota sorri e diz:
_ Estamos no sexto andar, há cerca de 24metros de altura, estudos mais adequados dizem que se for uma queda natural, quebraremos apenas alguns ossos, mas se houver um empurrão que impulsione a queda, a morte é certa.
_ Devo me preocupar em ser empurrado daqui por Sophia Herrera? _ Indaga o garoto.
_ Eu sou estranha, repulsiva, orfã de pai, latina. Irritada porque sua mãe já arrumou um namorado menos de dois anos após a morte de meu pai e o mesmo é o diretor latino que se acha um revolucionário de esquerda que surfa na contra onda do ódio americano da extrema direita, neste momento. Então, se você for esperto, Raul Leon, por ser de uma família latina rica da cidade, se eu fosse você, ficaria longe de mim? _ Provoca Sophia.
Raul, no entanto, ignora todas as palavras da moça com respeito a ameaças e se resume a elogiá-la:
_ Eu queria me analisar desta maneira. Me observar detalhadamente como você o faz! _ Afirma ele.
_ Se você o fizesse, se odiaria ainda mais. _ Rebate ela.
_ Eu? Me odiar? Impossível! Eu sou filho de um dos empresários e políticos mais ricos e influentes de Riverdale, sou o melhor partido para todas as garotas da escola. Não sou atleta que vive um momento de glória que sempre antecipa uma vida depressiva no anonimato, nem o povo do Grêmio que se acha politizado, mas vai usar seus dons para enriquecer ainda mais famílias como as minhas. Eu sou simplesmente… _ Raul é interrompido pela moça que sentencia:
_ Um idiota que se odeia tanto que não consegue se enxergar! _ As palavras dela calam o garoto e então ela dispara: _ Vai! Diz logo porque veio até mim, não foi para filosofar comigo sobre quem somos diante de nós mesmos?
_ Seu pai… _ Diz ele, sorrindo, enquanto ela fecha sua expressão, então ele prossegue: _ Digo, o diretor Quintanilla, o revolucionário pró-latinos e pobres que meu pai quer tornar político, está te chamando. Parece que tem um aluno novo filho de um jogador de futebol importante que veio para Riverdale reforçar o time de futebol e ele quer que você apresente a escola para ele.
_ Eu? Por que ele não chama uma líder de torcida ou um colega do time? _ Questiona Sophia.
_ Ele só quer fazer você se enturmar. _ Pontua o garoto.
Sophia se levanta e pergunta de forma retórica:
_ Será que ele não percebe que se eu quisesse ser popular, eu mesma buscaria tal popularidade?
Raul sorri e a observa saindo, então também se levanta, caminhando atrás dela, a meia distância.