Após o novo professor do Colégio Riverdale, Alaric Saltzman entrar na sala de aula em meio a uma calorosa discussão, ele pede para que cada um se apresente, delegando tal missão em primeiro momento aos estudantes que já estudavam na escola no semestre anterior.
Por fim, ele pede que os estudantes novatos se apresentem. Com seu hijab diferenciado, Nádia é a primeira a se apresentar.
_ Meu nome é Nadia Shanaa, meu irmão e eu viemos da Palestina por acreditar que aqui na América, teríamos liberdade religiosa e ficaríamos longe do grande conflito que envolve a disputa por terra na Palestina. _ Diz ela.
Ouvindo isso, Emanuelle a interrompe, dizendo:
_ Você quis dizer, em Israel, correto?
Nadia então se justifica:
_ Minha família sempre morou na Palestina desde os dias do domínio Otomano, sobrevivemos aos conflitos da primeira e segunda guerra, mas não vejo que Israel nos vê como um povo irmao, como a ONU e o Reino Unido tentam vender pelo mundo.
_ Mas a Terra é de Israel, não é? _ Insiste Emanuelle.
A insistência da moça obriga o professor a lhe dar a palavra, indagando:
_ Você também é estrangeira, não é, Emanuelle?
_ Manu! _ Corrige a moça, que em seguida diz: _ Somos americanos, meus pais foram para o Reino de Madm logo após seu surgimento por acreditar, como a colega que seria uma terra de oportunidades, mas meus pais decidiram retornar agora e aqui estamos, em Riverdale.
_ E você sabe qual o principal motivo que os trouxe de volta? _ Pergunta o professor.
_ A ditadura da monarquia de esquerda que tenta impor sua cultura e religião sobre o mundo. _ Dispara Guzman, antes da moça responder.
_ Sr. Guzman, por favor, eu quero ouvir o que a moça tem a contribuir. _ Pede Alaric.
Manu olha para Guzman e sorri, mas em seguida diz:
_ O Reino de Madm é um excelente lugar para se viver, mas como em todos os lugares, tem pessoas um pouco mais intolerantes e como eu e meu irmão somos gêmeos e temos aparência muito diferente, meus pais resolveram retornar aos Estados Unidos.
Alaric olha para o jovem louro dos olhos azuis ao lado da moça morena e pergunta:
_ E você, o que tem a dizer para nós em sua apresentação… _ Ele espera que o garoto complete a frase e então, o jovem diz:
_ Emmanuel, na verdade, a grande diferença entre minha irmã e eu é que ela é morena como os antigos brasileiros que habitavam aquela região que a gente morava e eu sou a reencarnação de um ser mítico grego.
Todos ouvem a frase do jovem e começam a sorrir, Guzman é o mais irônico:
_ Ah, eu sou um deus grego lindo e maravilhoso! Vejam meninas, vejam como eu sou albino.
Polo, o namorado de Carla, acrescenta:
_ Sou um humilde descendente de Zeus, que Apolo não ouça o que eu dgo, pois ele pode ter ciúmes de mim.
Todos continuam ridicularizando a fala de Emmanuel e Manu sussurra:
_ Está vendo o que você faz? Pode parar com isso?
Diante das exaltações, Alaric olha para o tímido Omar e pergunta:
_ E o Sr., Sr Shanaa, o senhor não é a reencarnação de Mohammed, é?
Omar abaixa a cabeça e timidamente diz:
_ Perdão, professor, mas nós, em nossa religião, não costumamos brincar com as coisas sagradas. A gente respeita quem pensa diferente, mas nosso profeta é algo muito sagrado para nós.
Diante da fala do jovem, todos se calam e Alaric se retrata:
_ Perdão, eu não quis ofender, quis apenas aproveitar a oportunidade que nosso colega Emmanuel nos proporcionou. _ Em seguida, ele aponta para Samuca e diz:
_ E o senhor?
Samuca olha para o lado, aguarda alguns segundos e então diz:
_ Desculpa professor, eu até ensaiei um discurso sobre quem sou, o que quero ser, mas desde que passei por aquela porta, eu vejo que alguns aqui se esforçam para desprezar o outro e o ridicularizar, então, eu acho que a única coisa que posso dizer em meu favor é que aqueles que desejarem superar seus preconceitos e me conhecer, eu tentarei ser um bom amigo.
As palavras dele, no entanto, resultam em novas brincadeiras de alguns colegas. Guzman é o mais irônico:
_ Olhem, superem seus preconceitos, eu sou negro. _ Então ele aponta para sua própria pele e como Samuel não é afrodescendente, ele ironiza: _ Ops, eu sou latino, pobre, mas vocês têm preconceito contra mim, porque a gente deixa nosso país para explorar as riquezas da América, e ainda nos fazemos de coitadinhos.
_ Por favor! _ Pede Alaric.
No entanto, Samuca rebate o colega com ênfase:
_ Infelizmente, Guzman, não apenas os negros são vítimas de racismo e preconceito. Os latinos, os árabes, os pobres, os homossexuais, todo ser que é diferente sofre por ter uma identidade própria e isso tem resultado em uma geração que tem dificuldade para se identificar como realmente são. Cada um de nós, independentemente de como ou o que somos, deveria se orgulhar do que é e respeitar o diferente, mas infelizmente não é assim!
As palavras de Samuca despertam o olhar de muitos.
_ Uau! _ Dispara Marina.
Carla sorri e Polo lhe reprova com os olhos.
Manu e Verônica, no entanto, puxam os aplausos que são acompanhados de muitos.
Por fim, Veronica Lodge se levanta e diz:
_ Parabéns Samuel, você disse tudo. Eu sou Veronica Lodge, filha de Hiram Lodge, apesar do nome árabe, somos americanos, mas meu pai é investigado de crimes que não cometeu e por isso, eu senti que algumas pessoas, aqui desta sala mesmo, já me trataram como criminosa, apenas por isso.
O desabafo de Veronica contagia Manu, que dispara:
_ Não ligue para isso, amiga, a Bíblia diz que os pais não podem ser julgados pelos erros dos filhos e nem os filhos, pelos erros dos pais. Deus que vê tudo, fará justiça sempre!
As palavras da moça levam Alaric a pontuar:
_ Você citou a Bíblia, achei que tivesse problemas com a religião cristã.
_ São pensamentos pessoais, mas somos cristãos e cremos no Deus na Bíblia. _ Justifica ela.
Enquanto isso, no corredor, o professor Tanner se aproxima da sua sala de aula e ao encontrar alguns alunos no pátio os repreende:
_ Como vocês podem ser assim? Mesmo eu demorando para me direcionar a sala de aula, vocês ainda ficam enrolando por aqui!