Hungria, janeiro de 1891:
Na vizinhança de Brasov, no condado de mesmo nome, uma fortaleza situada na fronteira entre Transilvânia e Valáquia, pela estrada 73, erigido no sopé dos montes Cárpatos aterroriza e encanta quem passa.
Oficialmente, o local é habitado por ciganos, mas moradores da região, afirmam que quem entra no sombrio castelo sem ser convidado, não retorna para contar nenhuma história. Há quem afirme que os ciganos que habitam o lugar são escravizados por um ser sombrio, que teria um pacto com o abominável Lord das Trevas.
Dentro do tão aterrorizante quanto belo, local, que em parte dele, fica à margem de um lindo e não menos assombroso rio. À janela com a cortina aberta, um senhor idoso com pele enrugada, dentes fragilizados, balança sua cadeira sem nada dizer.
A cena é assistida por três lindas jovens vestidas respectivamente com longos vestidos rodados. Um vestido branco ocupa o corpo de uma donzela ruiva, um vestido preto ocupa o corpo de uma donzela branca de cabelos negros e uma jovem loira de cabelo loiro usa um vestido vermelho. A pele das três jovens é pálida, ambas demonstram uma intensa palidez em sua face.
O único barulho que se ouve no recinto é o barulho da cadeira do velho senhor sendo movida até o exato momento em que uma delas, a jovem branca de vestido preto abre a boca para falar:
_ Eu não gosto de ver o Lord assim! Isso não é correto!
_ Verdade! Um homem tão poderoso deixando se atrofiar e se destruir. Isso me dá uma dor no coração. _ Acrescenta a jovem loira com o vestido vermelho.
Ouvindo isso, a jovem branca de cabelos negros decide avançar em direção ao velho homem, que gira sua cadeira e estica sua mão, toda enrugada. Vendo a mão do velho homem em sua direção, a jovem moça se curva, de joelhos e com rosto em terra, diz:
_ Perdão Lord! Mil perdões, mas há algo que está me atormentando.
_ O que te atormenta, Louise? _ Pergunta o velho homem.
_ Sua escrava serve um poderoso senhor. Sua escrava é muito bem tratada e tem todas as suas necessidades saciadas. Nada me falta, mas há algo que não está a meu contento. _ Diz Louise.
_ O que está te incomodando? _ Insiste o homem.
_ O meu senhor é poderoso! Meu senhor tem condições para dominar toda esta região, mas infelizmente, meu senhor se nega a se alimentar e rejuvenescer. O senhor se encontra precisando de amor, de aventuras, de vida. É certo que o meu senhor vive para sempre, mas estou irritada ao vê-lo gastando sua eternidade apenas degustando sua dor. _ DIz Louise.
O silêncio toma conta do recinto, o velho homem não diz nada, Louise não ousa levantar sua cabeça, então, a jovem loira entra no recinto.
_ Perdão Lord, mas o que a Louise está querendo dizer é que sua tristeza está nos contagiando, autorize-nos a caçar pessoas para o senhor se alimentar e escravizar, autorize-nos a diverti-lo, autorize-nos a fazer toda a região, o país, o mundo temer o poderoso, Vlad Tepes III, o incrível Drácula.
_ Como ousa pronunciar o meu nome, Greta? _ Diz o velho, levantando-se e dirigindo-se até a jovem.
_ Não faça mal a ela, meu senhor, o que ela quis dizer… _ Diz Louise, que é interrompida pela jovem ruiva:
_Ela só quis dizer que o senhor precisa se divertir e pode começar a se divertir a castigando por tamanha ousadia, meu Lord!
As palavras da jovem ruiva fazem o velho homem parar. Greta, com medo, se ajoelha com rosto em terra e diz:
_ Eu gostaria de ser usada pelo senhor para lhe proporcionar outros prazeres, mas se a minha dor te alegrar, certamente não hesitarei em servi-lo desta maneira, Lord.
Ouvindo isso, o velho homem para e diz:
_ Greta, Louise, Morgana, vocês são boas servas, eu jamais estimularia a dor em vocês. _Em seguida, ele retorna a sua cadeira, gira ela para as jovens. Greta e Louise ousam levantar seus rostos e olhar para Drácula, que decide abrir seu coração: _Vocês sabem, eu nada omiti da minha história a vocês, me refugiei aqui para permitir um bom reinado à minha filha. Meu coração jamais pertencerá a outra mulher, exceto Elizabeth, minha única amada. O verdadeiro amor, só existe uma única vez.
_ Lord, ninguém está exigindo amor do senhor. Apenas diversão. _ Diz Louise.
_ Exato, damos prazer a tantos homens inúteis, será que nunca seremos dignas de servir o nosso senhor? _ Acrescenta Greta.
_ Quieta, Greta! _ Interrompe Louise. Em seguida, ela se vira para seu Lord, e diz: _ Perdão Lord, é óbvio que usar nosso corpo para lhe dar prazer seria motivo de grande honra, mas o senhor pode brincar com mulheres, fazê-las se apaixonar, mostrar a elas sua virilidade e poder, e depois, quando enjoar, pode dominá-las ou eliminá-las. O senhor precisa ter prazer de novo. _ Insiste Louise.
_ Antes de eliminá-las, o senhor pode nos entregar elas. Certamente, eu não hesitaria em causar dor e terror aos vossos brinquedos, depois que eles te servissem, meu senhor. _ Pontua Morgana.
_ Meu Lord, os lobos e lobas, nós e seus escravos vampiros somos todos bem tratados, mas entenda, não ficarei bem enquanto não ver meu Lord sorrindo novamente. _ Diz Louise.
_ O senhor se isolou aqui há séculos por causa de sua filha, mas ela se isolou em algum local da terra, abandonaram o trono da Valáquia e Transilvânia, hoje a Hungria domina esta terra com outra dinastia, o senhor já se puniu demais sem razão alguma. _ Acrescenta Greta.
_ Finalmente, você disse algo inteligente. _ Pontua Louise.
_ Sim, eu sou inteligente, mas eu acho mais bonitinho ser linda. _ Brinca Greta.
Porém, mesmo com a insistência das três mulheres, Drácula insiste:
_ Elizabeth não vive mais! Meus descendentes não me amam. Não há motivos para deixar este castelo. Não há motivos para sorrir, não há motivos para fazer nada, senão, lamentar pela eternidade.