Enquanto a carruagem caminha em meio a neve, com destino ao castelo onde o velho idoso, as três jovens pálidas e alguns ciganos habitam, Renfield escreve em seu diário:
“Dizem que ninguém que foi a este castelo sem ser convidado, conseguiu voltar, mas se eu não for até lá, certamente morrerei, e tenho certeza que será uma morte desonrosa, pois estou doente.
A doença que tenho é uma doença milenar. Essa doença é resultado de mutação genética existente há milênios, e já afligia egípcios há mais de três mil anos.
Hipócrates, o pai da medicina, chamou o nome do mal que eu possuo, de câncer. O câncer é uma doença que até hoje não pode ser curado pela humanidade e há uma certeza apenas. Quem tem câncer, morre.
No entanto, eu não quero morrer! Por isso, deixei Londres para vir a este lugar, na Transilvânia. Há lendas que dizem que há muito tempo, um rei desta terra, cujo nome era Alexandre, curava as pessoas com seu sangue.
A princípio, isso parece uma lenda, mas ao descobrir que minha doença não tinha cura medicinal reconhecida na ciência, eu fui procurar o ocultismo e mesmo sendo de família anglicana, eu não posso morrer por preconceitos religiosos.
Por isso, em Londres, eu procurei uma moça que afirmou ter poderes sobre-humanos. Alguns, a chamam de bruxa, outros, a chamam de feiticeira, outros de santa.
Eu fui ter com esta moça, de nome Kymberlym e ela me disse que havia somente um ser que poderia me curar, mas eu teria que convencê-lo disto. Ela me contou da história do Grande imperador médico, Alexandre, mas disse que não ele, e sim o Lord da Transilvânia, poderia me curar.
Eu não sei o nome, não sei o que é, não sei o que ele fará, mas eu não posso morrer e vim a este lugar em busca de salvação. Eu vou ao encontro do meu salvador.”
Renfield ainda está escrevendo, quando a carruagem para e o cocheiro diz:
_ Estamos apenas a meio quilômetro do castelo e como eu havia lhe dito, a carruagem não poderá avançar mais nesta época do ano. Além disto, eu quero poupar minha vida e sei que avançar mais do que isso é como transcender os limites do abismo, deixar o purgatório em caminho ao inferno.
Renfield não discute com o homem, guarda suas anotações, pega sua bagagem e paga o cocheiro. Em seguida, sem dizer nada, caminha pelo frio caminho.
_ Eu vou esperar a neve parar. Ficarei algumas horas aqui, se desistir, poderá ainda voltar.
_Obrigado, mas eu vou ao encontro do meu salvador! _ Grita Renfield.
Observando a cena, embaixo de uma árvore, a jovem Morgana destrava seus dentes e esboça uma risada silenciosa.