O sol amanhece em Londres e como de costume, a primeira a chegar para trabalhar na Mansão dos Westenra é a governanta.
Após chegar, ela logo percebe algo estranho. Nenhum movimento, nenhum bom dia como sempre ocorria nos outros dias por parte da Sra. Westenra. “Essa luta da Lucy contra o sonambulismo tem realmente mudado a rotina desta casa. Quando eu imaginaria que a Sra. Westenra estaria dormindo após o amanhecer.” Analisa a governanta.
Em seguida, ela começa os trabalhos e apenas alguns minutos após sua chegada, as outras serviçais também chegam, mas o tempo passa e nenhum movimento na casa por parte de Lucy ou sua mãe, é percebido pelos funcionários.
_ A senhora não achou estranho a Sra. Westenra não estar acordada até agora? _ Pergunta uma das serviçais.
_ E como achei, vou até olhar se está tudo bem em seu quarto. _ Responde a governanta.
Após a pergunta da colega de serviço, a governanta chega ao quarto de sua patroa e percebe a cama revirada, porém sem ninguém nela. “Que estranho, será que a Sra. Westenra saiu antes da minha chegada? Mas ela sempre arruma sua cama, será que ocorreu algo com a Lucy esta noite?”
Preocupada, ela anda apressadamente pelos corredores da casa até chegar ao quarto de Lucy, com sua porta apenas escorada.
Ao abrir, a mulher não consegue segurar seu grito de espanto:
_ Que tragédia, venham todos para o quarto da menina Lucy! _ Grita a mulher, bastante preocupada.
Não demora até que todos os funcionários cheguem ao quarto e observem o corpo das duas mulheres sobre a cama. Lado a lado, mãe e filha são unidas pelas mãos, seus corpos estão deitados de costas, cheios de perfurações de facas e uma faca é encontrada à mão de Lucy.
Nenhuma marca de sangue é encontrada em nenhuma parte do quarto, exceto nos lençóis e na cama. O corpo de Lucy apresenta uma mordida como sendo de um animal feroz em seu pescoço, seu pulso apresenta uma marca de outra mordida leve, já a velha senhora apresenta à primeira vista, diversas marcas de sangue em seu corpo.
_ Vamos ligar para o noivo de Lucy e para o seu médico. Avisem também a polícia sobre isso. _ Pede a governanta.
Antes mesmo da polícia chegar, Avraham Van Helsing e John Seward se dirigem a mansão. Van Helsing aproveita para observar alguns detalhes na cena, como a ausência de alho em quase todo o quarto, um hematoma na cabeça da Sra. Westenra e as mordidas de vampiro no corpo de Lucy.
_ Meu Deus, minha Lucy, minha amada! O senhor disse que ela ia ficar bem, o que foi isso? _ Lamenta Seward, tocando seu corpo e chorando.
_ Procure não tocar em seus corpos, a polícia pode cobrar explicações. _ Recomenda Van Helsing, sem demonstrar nenhum tipo de pesar pela morte das vítimas.
A polícia chega e Arthur Holmwood também chega, quase que instantaneamente. Ao ver os corpos de sua amada e sua ex-futura sogra, seu pranto é como o pranto de uma carpideira, os policiais e peritos pedem para todos deixar o quarto rapidamente, o que irrita Arthur, que tenta em vão abraçar e beijar o corpo já frio de sua amada noiva.
Van Helsing e Seward conseguem retirar Arthur e conduzi-lo até o escritório, onde Quincey Morris também os acompanha.
_ Eu não consigo acreditar! Quem fez aquilo elas? _ Indaga Holmwood, perplexo.
_ Eu vim assim que soube, com todo respeito, Lucy foi uma espécie de namorada minha na França.
_ Não seja idiota! _ Rebate Holmwood.
Tentando amenizar os efeitos do que disse, Morris vira-se para o doutor e pergunta:
_ Isso pode ter a ver com o espírito que estava atormentando Lucy?
Antes da resposta de Van Helsing, Seward antecipa:
_ Claro que não! As duas tem marcas de facadas em todo o corpo, Lucy foi atingida por uma espécie de mordida no pescoço e nos pulsos. Não há marcas de sangue no piso, não houve nenhum arrombamento na casa, aparentemente nada foi roubado. É como se alguém tivesse as matado.
Após a ponderação de Seward, Van Helsing bebe um pouco de água, se assenta na cadeira de trás da escrivaninha e diz:
_ Tem razão, meu amigo, eu disse que Lucy corria riscos e ocorreu o que eu mais temia.
_ O senhor quer dizer que sua morte tem relação com sua doença? _ Indaga Morris.
_ Claro que não! Ela foi assassinada! _ Insiste Holmwood.
_ Não posso dizer nada agora, mas eu posso lhes dizer que além de psiquiatra, parapsicologo, professor, eu também sou detetive e se for o desejo de vocês, eu desvendarei a morte da Srta. Westenra com detalhes. _ Promete Van Helsing.
_ Eu quero muito! Por favor, doutor, eu quero que o culpado pela morte dela e de sua mãe pague caro! _ Pede Holmwood.
Enquanto isso, no hotel em que está hospedado, Drácula abaixa a cabeça, triste pela morte da Sra. Westenra e lamenta:
_ Pobre Lucy, sua mãe te amava e você não lhe deu o valor devido. Pobre velhinha, o Universo está de prova que eu não queria fazer este mal que faço, tudo que desejei, sempre foi, um pouco menos de injustiça. _ Enquanto pronuncia tais palavras para aliviar sua dor e remorso que atormentam sua consciência, Drácula relembra de como lambeu cada gota de sangue derramada na janela, no quarto e na varanda e então conclui: _ Pelo menos me sinto mais jovem e mais forte, inclusive, mais resistente a alho e verbena.
Em seus pensamentos, ele cogita: “Todo veneno em pequena dose ativa anticorpos, antes de executar Renfield, eu vou me fortalecer e ficar mais imune a esta droga que o senhor, Avraham Van Helsing, espalhou para me fazer mal.”