No dia seguinte, Van Helsing é surpreendido com a visita de Jonathan Harker, sozinho.
_ Sr. Harker, à que devo a honra de sua visita? _ Pergunta o parapsicólogo.
_ Então, eu decidi vir até o senhor sozinho, pois há coisas que não consegui contar na frente de minha esposa. _ Justifica Harker.
_ Sem problemas, vamos ao escritório. _ Diz Van Helsing.
A sós, no escritório, Jonathan conta sobre as três irmãs e como se relacionou com elas durante sua estada no castelo:
_ Eu amo minha esposa, já a amava, mas quando colocado diante das três, eu não conseguia resistir, funcionava como uma hipnose. Elas não me usaram apenas como objeto sexual, elas me mordiam, se alimentavam de mim, bebiam meu sangue, me enfraqueceram… _ Confessa ele, com seus olhos lacrimejando.
_ Não se preocupe Sr. Harker, essas criaturas são abominações, são resultados do satanismo que se espalha pela terra. Eu acredito no senhor e posso dizer que o senhor é um herói por não estar como Lucy ou Renfield. _ Enfatiza Van Helsing.
_ Renfield esteve no castelo, mas porque o senhor insiste a associar Lucy a esta experiência? _ Indaga Harker.
_ Não tenho todas as respostas, Sr. Harker, mas tenho certeza que em breve, tudo estará esclarecido. _ Promete Van Helsing.
_ Espero realmente poder ajudar. _ Diz Harker.
À porta, ao despedir-se de Jonathan, Van Helsing pergunta de sua esposa:
_ E a senhora Harker, como está lidando com tudo isso?
_ Ela está estranha. Devido ao meu pecado, eu não consegui convencê-la ainda a se tornar minha. _ Jonathan respira e completa: _ O senhor sabe, apesar de termos oficializado nosso casamento diante de Deus, não nos entregamos um ao outro. Eu a amo demais, mas na minha situação, eu imagino que ela esteja confusa, afinal, não sou mais o viril e forte homem e não sei quanto tempo demorará para eu estar bem.
_ Fique tranquilo, o senhor certamente ficará bem, se for o caso, eu acompanharei sua recuperação. _ Promete Van Helsing.
_ Eu serei grato. _ Agradece Jonathan, que em seguida, vira-se e ouve o chamado do doutor novamente, dizendo:
_ Sr. Harker.
_ Sim! _ Diz Jonathan, parando e virando-se para o doutor.
_ O senhor realmente não se lembra de nada após ter pulado da corda de roupas para o rio às margens do castelo?
_ Não! Tudo que sei é que tinha cabelos, estava fraco, mas quando acordei, sendo cuidado pelas irmãs que me salvaram, a pele do meu rosto estava toda machucada, não havia cabelo em nenhuma parte do meu corpo. _ Jonathan respira e completa: _ Nenhuma mesmo, nem nas regiões mais íntimas.
Van Helsing sorri e diz:
_ Fique tranquilo, seu rosto está se recuperando e já vemos os primeiros pelos em seu couro cabeludo.
_ Eu espero ficar bem! Mina não merece ficar casada para sempre com um homem debilitado. _ Comenta ele.
Após despedir-se de Jonathan Harker, Van Helsing se dirige a John Seward e pergunta:
_ Lucy realmente lhe contou que o tal amante que ela tinha em secreto estava envolvido amorosamente com Mina?
_ O senhor não comentou sobre com Jonathan, comentou? _ Pergunta Seward.
_ Claro que não! Não sou mais um garoto! Mas ela disse que Mina saia e o encontrava na rua? _ Indaga Van Helsing.
_ É estranho, porque Lucy me contou que eles se encontravam as vezes no museu, as vezes ele a encontrava na rua, mas eles nunca marcavam, era como se ele soubesse que ela estava sempre onde ela estava. _ Comenta Seward.
_ Obrigado, amigo, vou sair. _ Diz Van Helsing, colocando seu chapéu e deixando a clínica imediatamente.
Não muito tempo depois, ele chega ao museu e encontra Mina, emocionada ao contemplar um quadro e diz:
_ Sra. Harker, não sabia que sua paixão por arte a levava a emocionar-se de tal maneira.
Mina limpa seus olhos, vira-se para Van Helsing, sorri e confessa:
_ Creio que não seja apenas a arte, mas as lembranças que ela pode trazer.
Van Helsing entende que ela pode estar se referindo aos momentos que viveu com Drácula, então diz:
_ Imagino! Mulheres virtuosas, belas, apaixonadas como a senhora, jamais se esquecem de aventuras e emoções ímpares. Imagino que a senhora ao olhar para esta obra deve ser levada a imaginar príncipes ou talvez monstros, afinal, principados e monstruosidades se confundem quando o assunto é a plenitude da paixão.
As palavras de Van Helsing mexem com Mina, que limpa seus olhos e indaga:
_Além de parapsicologia, psiquiatria, o senhor também é admirador da arte e um profundo conhecedor do amor?
_ Quem dera, o amor é algo que só conhecemos ao vivenciarmos e eu, como a senhora pode ver, sou um lobo solitário. _ Confessa ele.
Mina sorri e diz:
_ Sua abordagem, suas palavras e a coincidência de me encontrar aqui me lembram… _ Mina pensa um pouco e pergunta: _ Pera aí, é coincidência estarmos aqui, não é?
_ Os sábios dizem que não há coincidências. _ Diz Van Helsing.
_ Você tem alguma ligação com ele? Você conhece o príncipe? _ Pergunta Mina, impressionada.
_ Sim e não! Há coisas que nos ligam, nos aproximam, mas há outras coisas que nos afastam. De fato, sua amiga comentou com meu amigo John Seward, sobre seu príncipe, e este me revelou tal segredo. _ Pontua Van Helsing.
_ Aquela linguaruda! _ Dispara Mina, que respira ofegante, pensando por um momento que Van Helsing, sabendo de Alucard, poderia agora contar sobre para Harker. Estagnada, ela sente Van Helsing pegar sua mão esquerda e a acariciar com suas duas mãos e dizer: _ A senhora pode ficar tranquila, que Jonathan Harker jamais saberá de nosso segredo, nem por mim, nem por Seward, mas eu gostaria de saber sobre o caso, se a senhora me der a honra.
_ Por que o senhor acha que eu lhe contaria sobre meu erro? Por que eu me tornaria vulnerável a ti, a ponto de lhe contar algo que pode acabar com meu casamento? _ Questiona Mina.
Van Helsing, de forma surpreendente, larga a mão de Mina, coloca suas duas mãos em sua cabeça e beija sua testa, dizendo:
_ Por que eu sei o quanto isso pode estar te afligindo e antes de estudar e buscar entender anomalias e coisas sobrehumanas, sou um psicólogo e sei como a mente humana funciona. Também sei que tal confusão de sentimentos a impediu de se entregar ao Sr. Harker para consumar seu casamento, mas os conselhos de uma madre podem tê-la influenciado a se casar, pois fora convencida de que isso era o correto.
_ Como o senhor sabe de tudo isso? _ Pergunta Mina, boquiaberta.
_ Eu espero que a senhora se abra comigo, mas antes vou lhe contar um segredo. _ Van Helsing pega um papel rasgado e entrega a Mina, dizendo: _ Esta carta é da Madre Van Helsing, Agatha Van Helsing é minha irmã e eu não sei se o conselho que ela lhe deu foi o mais adequado: _ Mina pega o papel e percebe que é o trecho de uma carta rasgada, escrita por Agatha Van Helsing e descrevendo os conselhos que ela deu a Mina em Budapeste.
_Não se fazem mais freiras como antigamente, onde ela deixou o juramento de segredo confidencial ao qual as madres devem se prestar.
Van Helsing sorri, dá sua braço para Mina entrelaçar e diz:
_ Eu posso pagar um café para a senhora, enquanto revelamos nossos segredos.
Surpresa e sem ter com quem se abrir, Mina aceita a cortesia, coloca seu braço entre o braço e o corpo de Van Helsing e confessa:
_ Se alguém nos ver assim, imaginará coisas que não deve.
_ Jonathan Harker não está em condições de segui-la e eu imagino que ele não deva pensar coisas impuras da senhora. _ Pontua Van Helsing.
À distância, Drácula vê os dois e desiste de se revelar a Mina novamente. Triste, ele caminha de volta para o hotel, cabisbaixo e sem alegria em seu coração.