Na manhã seguinte, Harker acorda em um horário bastante avançado e desce. Surpreendentemente, ele não encontra ninguém no castelo, o que o assusta. O jovem inglês fica mais espantado quando observa que a mesa onde jantou na noite anterior está repleta de frutas e pães, o que lhe permite apreciar um delicioso desjejum.
Após alimentar-se, ele tenta caminhar pelo castelo, mas não encontra facilmente o conde e também não encontra ninguém. No entanto, todos os seus movimentos são observados pelas três servas de Drácula, que obedecendo seu senhor, não deixam ser percebidas e também não se aproximam dele.
Fora do castelo, ele observa diversos ciganos trabalhando no que parece ser uma nova construção. Pela janela, ele grita para tentar falar com os homens, mas é ignorado. Então, ele retorna ao sofá e após longas horas de solidão, ele retorna para seu quarto e acaba adormecendo até o anoitecer.
Quando acorda, ele é surpreendido por Drácula que está o observando à porta e o convida para jantar:
_ O senhor adormeceu e repousou durante quase um dia inteiro, mas minhas servas lhe prepararam um delicioso jantar!
_ Ah, sim, claro, vou descer! _ Diz Jonathan, que em seguida se arruma rapidamente e quando desce, sente dois pequenos ferimentos em seu pescoço, fato que ele acaba desprezando. Ao ver o conde assentado, ele afirma: _ Houve um momento na manhã em que estive acordado, eu o procurei, mas não achei.
_ O senhor não acordou cedo e eu costumo tirar uma soneca a tarde, entendo que nossos horários não se cruzaram, mas não há problemas, podemos conversar durante toda a noite. _ Dispara Drácula.
Jonathan se alimenta e mais uma vez observa que Drácula não participa da refeição. Então, indaga:
_ O senhor não vai jantar?
_ Eu já me alimentei! Além disto, esta comida foi preparada por minhas servas especialmente para o senhor. _ Responde Drácula.
_ Servas? Por que não as vi durante o dia? _ Questiona Harker.
_ Eu ordenei que elas não lhe incomodassem, elas são bastante discretas quando é necessário. _ Afirma Drácula.
_ Ok! Então? O senhor leu o documento? Está tudo correto? Podemos fechar o negócio? _ Indaga Jonathan.
_ Sim, eu li e não entendo muito destas burocracias, mas tenho certeza que o senhor é integro e está tudo certo. _ Afirma Drácula.
_ Obrigado pela confiança! _ Diz Harker, que para o jantar e pega os documentos das negociações, deixados por Drácula em um armário abaixo do quadro de Átila, o huno, no mesmo recinto e entrega ao conde, dizendo: _ Que bom que o senhor vai assinar hoje, amanhã cedo quero partir!
Drácula assina e sorri, dizendo:
_ Eu entendo que o Sr. Hawkins não deva ter sido muito claro contigo, eu preciso que o senhor passe alguns dias comigo para que eu possa aprender melhor o inglês e também preciso que o senhor me conte mais sobre a Inglaterra.
_ Eu não pretendo ficar muito tempo, talvez o senhor não saiba, mas estou ansioso para marcar a data de casamento com minha noiva, Mina Monroe, não quero ficar muito tempo longe dela. _ Esclarece Harker.
_ Entendo! _Diz Drácula, que em seguida, vira-se de costas e diz: _ Eu não posso impedi-lo de ir amanhã, mas ficarei muito triste se o senhor não puder atender o meu pedido, pois isso me obrigará a escrever uma carta ao senhor Hawkins lamentando que o senhor não pode me auxiliar como ele prometeu.
Harker ouve as palavras de Drácula e diz:
_ Além de Mina, eu trouxe poucas roupas e…. _ Antes que ele possa concluir, Drácula intervém:
_ Minhas servas lavarão suas roupas a partir de amanhã e quanto a sua noiva, aqui está uma folha e uma caneta, o senhor pode escrever para ela agora mesmo contando o quanto o senhor é querido por minha pessoa e não poderá retornar tão rapidamente.
Jonathan lembra das promessas de Hawkins e pensa: “Se o conde escrever ao Sr. Hawkins uma carta com críticas a minha atuação neste lugar, certamente ele poderá não cumprir o que prometeu, alegando que não fui diligente. Não posso desapontar o conde e nem o Sr. Hawkins.” Então, ele diz:
_ Sim, será uma honra conhecê-las, passando mais alguns dias aqui, quem sabe também conheça seus servos e possa aprender sobre a cultura local com eles.
As palavras de Harker animam Drácula que se senta ao seu lado e diz:
_ Meus servos não o incomodarão, nem minhas servas, mas permitirei que as conheça, já que é o seu desejo. Quanto a cultura local, faremos o seguinte, o senhor me conta sobre a Inglaterra e eu lhe contarei tudo sobre a Transilvânia.
Enquanto Drácula fala, Jonathan termina sua carta de amor para Mina e entrega ao conde, dizendo:
_ O senhor não sabe o quanto será difícil para mim ficar longe de Mina estes dias!
_ Eu sei! Não duvide disto! O verdadeiro amor é algo que eu admiro e entendo que seja a única coisa que mereça a continuidade da vida neste mundo. _ Afirma Drácula.
Jonathan reflete um pouco e diz:
_ Senhor, me permita uma invasão, o senhor fala sobre amor, mas está solitário, onde está sua família?
_ Minha família? Minha esposa foi morta, meu filho já não vive e minha filha teve que se tornar uma aberração e depois disto, fomos obrigados a nos afastar. _ Comenta Drácula. As palavras do conde deixam Jonathan constrangido e sem palavras, o que obriga Drácula a mudar de assunto: _Mas eu gostei da maneira como seus olhos brilham quando o senhor menciona sua noiva, a senhorita Monroe, me conte mais sobre ela e sobre você, como se conheceram.
Jonathan começa a contar detalhadamente sobre como vê Mina, sobre como se conheceram e apenas alguns minutos após, Drácula começa a lacrimejar, emocionado.
_ O que foi, conde? _ Pergunta Jonathan.
_ Perdão, meu amigo, mas enquanto o senhor falava detalhadamente sobre a paixão de Mina por jornalismo, por datilografia, eu tentava associar a imagem dela a minha Elisabeth, meu único amor. _ Afirma Drácula
_ Sua esposa também gostava de datilografia e jornalismo? _ Indaga Harker.
_ Não, mas ela me amava como eu era e me ajudava a ser uma pessoa melhor. _ Confessa Drácula.