Ponta Porã, residência de William, sábado, 30 de março de 1963, por volta da meia-noite, 6º dia do 1º mês no calendário da Bíblia.
Após passear com Menslike, Let chega em casa e se dirige direto para seu quarto, enquanto Menslike se junta aos meninos em colchões de solteiro na sala, e Madm e Amada repousam no quarto de hóspedes.
Sozinha em seu quarto, ela reflete sobre o dia e o passeio com Menslike. “Caramba, preciso parar de pensar nisso, Miguel não vai gostar de saber como é bom estar aqui.” Em seguida, ela olha para o livro que ganhou de Miguel e sussurra:
— Ótimo! Vamos conhecer o motivo do seu ódio, seu algoz.
Então, ela pega o livro “Drácula: O Vampiro Apaixonado” e medita: “Ontem foi a sinopse, bora mergulhar na Apresentação.”
Apresentação
“Um guerreiro caiu. Um vampiro nasceu. Séculos após Drácula, o Guerreiro Apaixonado, revelar a alma ardente de Vlad Tepes III, Drácula, o Vampiro Apaixonado, nos leva de volta ao coração sombrio de sua lenda.
Ele, que brandiu a espada por amor e justiça, agora carrega presas manchadas pelo sangue de seus juramentos quebrados. Mas o que resta de sua paixão? E o que o espera nas brumas de Londres?
Esta não é apenas uma continuação — é um renascimento. Este livro tece uma trama que preenche os silêncios do original, traçando um caminho novo e surpreendente para o Príncipe dos Vampiros. Aqui, as lacunas ganham vida: o que Stoker deixou nas sombras, aqui se escreve de forma iluminada com ousadia e paixão.
Vlad, o vampiro apaixonado, caminha entre a redenção e a perdição. Será que sua busca por justiça, que o transformou no monstro que ele jurou destruir, ainda o define? Ou novas paixões podem mudar seu destino? Enquanto isso, Jonathan Harker e Mina Monroe cruzam seu caminho, suas vidas entrelaçadas ao sobrenatural em um jogo de amor, traição e sobrevivência.
Esta é uma obra nascida de um amor profundo pela história de Drácula. Prepare-se para um final que não apenas responde às perguntas do passado, mas desafia você a imaginar o que vem depois. Embarque nesta jornada. O vampiro apaixonado espera por você.”
Ao final, ela medita:
— Caraca, é por isso que ele odeia o Drácula, a mãe dele é fascinada pelo Lord Vampiro! — Então, ela conclui: — Ele vai ter que me permitir ler esse tal de Drácula: O Guerreiro Apaixonado, de qualquer maneira.
Manhã do domingo católico, 31 de março de 1963.
No domingo católico de manhã, William e Ângela acordam cedo para ir à igreja, como é seu costume. Madm os questiona sobre para onde vão:
— A Ângela e eu vamos à missa e também vamos conversar com o Padre Lucius sobre como Deus tem nos abençoado e sobre tudo que encontramos na Bíblia. Eu quero ouvir do padre o que ele tem a dizer sobre tudo isso. — Responde William.
— A Let vai ficar e fará companhia a vocês. — Acrescenta Ângela.
Quando William e Ângela saem, Let, já acordada, se aproxima de Madm e diz:
— Se eu conheço bem meu irmão, esta será a última vez que ele irá à igreja.
— Por que diz isso? — Pergunta Madm.
Let sorri e se resume a dizer:
— Você verá!
Amada, já arrumada, caminha até ele e o abraça, perguntando:
— Os meninos já acordaram?
— Ainda não, mas deixe-os dormir. — Pede Madm.
Ângela percebe apreensão nas palavras de Madm e pergunta:
— O que está pegando?
Let se lembra de que saiu à noite com Menslike e pensa que pode ter a ver com ela, então sai discretamente, tensa. Quando ela se afasta, Amada insiste:
— E aí? Eu te conheço, vai falar ou não?
— Olha o dia de hoje, 31 de março de 1963, no calendário católico. Temos exatamente um ano católico para agir, ou o Brasil se converterá em uma ditadura, e isso dificultará muito nosso sucesso!
Igreja Católica Matriz de Ponta Porã.
Ao chegar à Igreja, William, que tantas vezes antes esteve naquele lugar para pedir a cura de sua esposa, agora cumpre sua promessa, indo à missa contar a bênção que recebeu do céu. No entanto, junto com a cura vieram conhecimentos bíblicos que o colocaram em conflito ideológico e o levaram a indagar se realmente aquilo que está fazendo é correto.
Juntos, eles entram na Igreja e olham para o excessivo número de imagens e velas, o que leva William a lembrar do mandamento: “Não farás para ti imagens de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, embaixo na terra, ou no mar, embaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes prestarás culto!”
Então, ele segue até um dos bancos da bela igreja com a mão direita segurada por Ângela. Como de costume, a Igreja começa a rezar o terço. William observa que Ângela não está repetindo as palavras consideradas sagradas pela Igreja; alguns segundos de reflexão levam-no a imitá-la.
Ao assentarem-se novamente, Ângela inclina sua cabeça no ombro de William. Enquanto ele a abraça, uma lágrima escorre pela parte direita de seu rosto. William a limpa com sua mão esquerda.
Durante o sermão, o padre cita as escrituras. Ele pede para a congregação ler a segunda epístola de São Pedro, capítulo 2, os três primeiros versículos.
Em voz alta, o capelão lê o primeiro versículo do texto:
— Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina.
Em seguida, o padre diz:
— No passado, surgiram na Igreja pessoas que renegaram nosso Senhor, negaram sua divindade, disseram que Jesus não é o Deus Filho, negaram a Virgem Santa, Maria, e sua ascensão, negando também que ela seja Mãe de Deus, negaram a Igreja de Deus, a Santa e Madre Igreja Católica Romana.
O capelão segue a leitura:
— Muitos os seguirão nas suas desordens e serão desse modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado.
O Padre Lucius segue explicando o versículo:
— Há uma maneira de identificar os falsos mestres. Os falsos mestres negam a Igreja, ensinam as pessoas a se afastarem da comunidade santa. Ensinam a rebeldia, ensinam seus seguidores a desobedecer ao Santo Padre de Roma e ao concílio dos Bispos.
O capelão lê então o terceiro versículo:
— Movidos por cobiça, eles vos hão de explorar por palavras cheias de astúcia. Há muito tempo, a condenação os ameaça, e a sua ruína não dorme.
— Meus filhos, eu, o santo padre, vos advirto que estes falsos mestres chegaram até nós. Como no passado, praticam magia, deturpam a verdade interpretada pela Santa e Madre Igreja, se acham deuses, dignos de interpretar as Sagradas Escrituras. Meus amados filhos, se vocês querem ser fiéis à Trindade Celestial e à Santa e Madre Igreja, fiquem longe destas pessoas. — Diz o padre.
Ângela ouve o discurso do padre e se preocupa. Ela percebe que o discurso é direcionado para eles.
Residência de William.
Enquanto isso, na casa de William, Nokram, Menslike, Bebeto, Luk e Healer são acordados com o som de palmas assíduas no portão. Let sai para ver e encontra Dutra.
— Hey, o que ocorreu? — Pergunta, ela.
Dutra, nervoso, grita do portão:
— Por favor, chame o Sr. Madm, é urgente!
Sem pressa, Let passa pela sala onde estão os garotos.
— Está tudo bem, Let? — Pergunta alguém.
— Creio que sim, só o soldado estrábico que veio ontem, provavelmente não deve ser nada de mais. — Responde ela.
Luk debocha das palavras de Let:
— Todo vesgo tem esse dom, é facilmente identificado!
Nokram se irrita e provoca Luk:
— Gordos também!
Luk leva a provocação na brincadeira e sugere que Healer averigue o que pode estar ocorrendo.
— Vai lá ver o que está acontecendo, Healer.
— Eu nem acordei ainda, preciso me lavar primeiro. — Justifica, Healer.
As palavras de Healer irritam Bebeto, que o repreende.
— Se fosse a Sasha ou a Joaquina, você iria, não é mesmo?
Healer se ofende e rebate:
— Verdade, e se fosse uma das três irmãs, você iria, não é?
Nokram se irrita com a discussão e se levanta, mas, quando passa pela porta, Madm já o acompanha.
Dutra vê Madm e grita:
— Sr. Madm, venha rápido, por favor.
Quando os dois chegam ao portão, Nokram pergunta:
— Ocorreu algo?
— Sim, meus irmãos pioraram, minha mãe os levou para o hospital em Dourados, mas eu sei que se o senhor for até lá, os curará. — Pede Dutra.
— Você quer que a gente vá ao hospital de Dourados, onde os médicos já estão cuidando de seus irmãos? — Indaga Madm.
— Sim, o senhor curou a Ângela, curou o Bunnym, eu sei que curará eles, não importa o que eles tenham. — Insiste Dutra.
Madm abaixa a cabeça com tristeza e lamenta:
— Ainda que eu quisesse ir, não temos carro. O William foi à Igreja, e não temos como ir agora.
A negativa de Madm não convence Dutra a desistir, então ele insiste:
— Por favor, não precisa ser agora, pode ser à tarde, ou até mesmo amanhã, mas por favor, vá até eles e mostre que Deus os ama também.
As palavras de Dutra comovem Madm, que promete:
— Eu vou conversar com o capitão quando ele chegar, passaremos na sua casa e iremos juntos!
Dutra não se contém, abraça Madm e agradece:
— Se o senhor levar a cura devida a eles, eu prometo que vou estudar e aprender tudo que tem na Bíblia e praticar.
Após dizer tais palavras, Dutra se vira e volta correndo para casa. Nokram vê a cena e comenta:
— Pai, nós não podemos deixar pessoas como ele sem a bênção de Deus!
Star City.
Enquanto isso, em Star City, Dina não quer sair da sua cama, mas seu pai bate à porta insistentemente:
— Filha, por favor, me responda! Dina, por favor! — Como ela não responde, Quentin decide agir com mais rispidez: — Filha, se você não abrir, eu vou quebrar sua porta.
Dina segue em silêncio até que ouve uma voz masculina forte, que diz:
— Deixa, Quentin, acho que ela andou muito tempo se envolvendo com playboys vagabundos e cantando em pubs, que esqueceu de que uma rainha de verdade é forte e valente, e princesinhas da Disney morrem, no mundo real.
Dina ouve a voz e a reconhece:
— Espera, eu conheço essa voz… — Murmura ela.
Mesmo com o murmúrio sendo em voz baixa, o homem ouve e diz com voz forte e grave:
— Lógico que lembra, sou o homem que te ensinou a lutar taekwondo, Krav Magah, karatê e boxe com apenas 12 anos, mas pelo visto você já esqueceu tudo que te ensinei, então to aqui pra te lembrar…
O homem mal termina de falar, quando vê Dina abrir a porta emocionada e o abraçar:
— Ted, que bom que você veio!
— Gotham é longe, mas quando um bando de bilionários morre em um cruzeiro, a notícia percorre todos os Estados Unidos.
Igreja Católica Matriz de Ponta Porã.
Quando a missa acaba, William pega Ângela pelas mãos e sai da Igreja. Confusa, ela indaga:
— Você não ia contar o milagre à Igreja e conversar com o padre sobre tudo que descobrimos na Bíblia?
— Eu pretendia fazer isso, mas você viu o que ocorreu aqui? — Pergunta ele.
— Vi, não entendi e não sei o que você pensa a respeito. — Afirma ela.
— Foi a última vez que vim a este lugar, Ângela. O padre, o homem que eu sempre vi como um representante de Deus, transformou o milagre da sua cura em uma obra de magia. Eles, neste lugar, não ensinam as Escrituras, não guardam nem praticam os mandamentos de Deus e chamam de falsos mestres as únicas pessoas que nos levaram a enxergar isto. — Diz William.
Ângela ouve as palavras de seu esposo e o beija emocionada, sem dizer nada sobre o assunto. Em seguida, ela o abraça de forma profunda e apaixonada.
Star City.
Enquanto isso, no quarto de Dina, ela chora diante de seu amigo, confessando todo seu drama:
— Então, como vou sair desse quarto, como vou olhar na cara do meu pai? Eu sou a culpada por trazer o Olie para a nossa vida, eu sou culpada pela morte da Sara.
Ted a abraça e diz:
— Calma, Dini, assumir sua responsabilidade é importante, mas se culpar dessa maneira é se vitimizar, e isso não é digno. Encarar o problema é enfrentar a realidade sem se vitimizar.
Ponta Porã.
Nesse ínterim, em Ponta Porã, Madm reúne os escolhidos e, na presença de Let, para debater como agir:
— Pessoal, precisamos alinhar nossas ações. Nós chegamos aqui há quase uma semana, estivemos na casa do Muller, depois ficamos aqui, e as pessoas estão nos procurando, como o Dutra, buscando em nós uma espécie de salvadores. Precisamos frear isso e nos mostrar como canais de Deus. — Diz ele.
— Sim, mas quando somos procurados por pessoas como o Dutra, precisamos atendê-lo. — Destaca Nokram.
— Sim, mas contamos a verdade a Muller, ele não acreditou. William acreditou, as pessoas aqui estão curiosas e sedentas pelas coisas de Deus. Precisamos aproximá-las da Lei de Deus e permitir que elas vivenciem seu reino, mas com um discurso alinhado. — Enfatiza Madm.
— Sobre o que exatamente estamos falando? — Indaga Menslike.
Luk antecipa Madm e dispara:
— Precisamos falar menos de nós e mais de Deus.
— Eu tenho enfatizado que toda cura não vem de nós, ou de Madm, mas de Deus. — Pondera, Healer.
— Isso é importante! — Comenta Madm, que em seguida é mais direto: — Mas a partir de hoje, precisaremos ter a prudência de Avraham, quando esteve no Egito. Vamos reiterar a história que Let contou no dia da festa de Ângela, de que somos seus amigos, a conhecemos na Inglaterra, somos fiéis a Deus, defendemos que a morte de Yeshua retira toda maldição do fiel, de maneira que este pode viver o reino de Deus imediatamente, mas somos irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe.
Healer ouve a orientação de Madm e brinca:
— E não vai pegar mal o seu incesto com Amada?
Let, que bebia água, cospe o líquido. Todos riem. Madm balança a cabeça negativamente e Bebeto literaliza:
— Não, a tia Amada, digo, a minha cunhada Amada, ela continua sendo esposa de Madm, mas todos nós somos seus irmãos.
— Quase da mesma idade? — Indaga Menslike.
— Eu, um ano mais velho que você e o Nokram, que diremos ser gêmeos, assim como Luk e Healer, uma vez que estes verdadeiramente o são.
Bebeto então indaga:
— Então não poderemos falar pra mais ninguém que somos de outra realidade?
— Acho que sim, para quem confiamos muito. — Pontua Healer.
Amada então os interrompe e diz:
— Isso não inclui, pelo menos neste momento, nem as três irmãs que você estava de olho ontem, Bebeto, nem as amigas de Healer, Sasha e Joaquina.
O grupo está conversando quando ouve o barulho da caminhonete de William. Todos se levantam para recebê-lo. Let, com toda sua ousadia, provoca:
— E então, o que o padre achou das coisas que a Bíblia ensina e do milagre de Ângela?
William abaixa a cabeça e comenta:
— Fez como os fariseus quando viam Yeshua realizando uma cura, atribuiu ao milagre de Ângela a Belzebu!
Residência das Três Irmãs.
Enquanto isso, na residência das três irmãs, Eushedim vira seu espeto com uma suculenta linguiça enquanto serve uma carne mal passada e comenta sobre a atitude de Muller com Kilba:
— Para você ver a solidariedade e bondade do Sr. Muller, eu tenho o melhor patrão do mundo. Quem faria o que ele faz pela empregada, retirar da fazenda e trazer para trabalhar na cidade, apenas por estar grávida?
— Realmente, o Sr. Muller mostrou muita humanidade nessa atitude. — Acrescenta Laodiceia, sua esposa.
Guerra, mais maquiavélica, indaga:
— E quem é o pai dos bebês que irão nascer?
— O Duck, um capataz que agiu como cachorro com a menina albina. — Responde Eushedim.
— Essas meninas perdidas dos tempos atuais. Tudo isso é culpa dos sem religião, sem Jesus. — Acrescenta Laodiceia.
— Falando em “sem Jesus”, vocês tiveram notícias dos falsos profetas que apareceram na fazenda? — Pergunta, Eushedim.
Laodiceia olha para suas filhas, e Fortaleza se pronuncia:
— Só se fala neles na cidade, dizem que podem curar doenças, alguns parecem acreditar que são anjos de Deus, mas eles ensinam uns absurdos como que a gente não pode trabalhar nos finais de semana e que não pode comer comida gostosa.
— São anticristos! O Apóstolo Paulo profetizou sobre eles! — Acrescenta Laodiceia.
— São vigaristas de primeira, vocês vão ver o estrago que eles vão fazer na vida do Capitão William. Escutem só. — Enfatiza Eushedim, convicto de que os escolhidos e enviados são uma farsa.
Diante das palavras do pai, Guerra e Vanda deixam o local. Então, Vanda sussurra:
— Se a gente realmente quiser fisgar eles, vai ter problemas com o papai.
No entanto, Guerra surpreende:
— Eu vou fisgar, não sei qual, mas um deles será meu! Farsantes ou anjos de Deus, eles são famosos e todos na cidade vão me conhecer como a princesa dos escolhidos e enviados.
— Escolhidos e Enviados? Tem até nomes especiais para eles? — Provoca Vanda.
Guerra sorri e completa:
— Sim, enviados para mim, mas só um deles, porque eu não sou gulosa. — Em seguida, completa: — Você pode ficar com o Bebeto.
Hospital e Maternidade Porta da Esperança, Dourados.
Nesse ínterim, William chega com Madm, Amada, Nokram e Dutra ao Hospital e Maternidade Porta da Esperança, em Dourados, cidade a 110 km de Ponta Porã.
Ao descer do carro, Amada comenta a atitude de Let, que permitiu que o grupo atendesse o pedido de Dutra antes de viajar para “repor sua aula com Miguel”:
— Que máximo a atitude da Let, hoje vamos ter que agradecer muito a ela, pois ontem ela não foi dar a aula para seu aluno, e hoje nós a atrasamos de novo.
— Pois é, a Let parece ser uma garota incrível. — Comenta Madm.
Amada ouve as palavras de seu esposo e sussurra:
— Incrível para Menslike, será que Deus permitiu que ele viesse para essa realidade para finalmente viver um grande amor?
William limpa a garganta e adverte:
— Não precisa sussurrar, eu ficaria muito feliz que a Let se envolvesse com o filho de vocês, porém, creio que não devam se iludir com ela, é uma garota mimada, ambiciosa, geniosa e problemática.
— O senhor fala isso de sua própria irmã? — Indaga Nokram.
— Eu a amo muito, mas não posso deixar que se iludam com ela.
O grupo adentra o hospital e uma jovem de belos cabelos louros, olhos cor de mel, briga com a atendente:
— Isso é um absurdo, como podem fazer isso? Esse é um hospital evangélico? Uma missão cristã e vocês só se importam com dinheiro?
Dutra se apressa a conversar com a moça, indagando sobre o que ocorre, e após alguns segundos de conversa, a moça acompanha Dutra até William e o casal, Madm e Amada, com os braços cruzados.
— Meu irmão está ali, aguardando, minha mãe está lá dentro, acompanhando minha irmã, Éfra, que está aguardando para ser atendida. — Diz ela.
Madm e Amada, acompanhados de William, se dirigem ao garoto, um adolescente de aproximadamente 16 anos, envolvido em uma coberta prata e preta, suando bastante. Amada se adianta e, ao perceber seu estado, toca sua testa e lamenta:
— Amor, este garoto está com muita febre, provavelmente sua febre supera 41 °C.
A moça loira então abre os braços e diz em alto e bom som:
— Então, é isso, eles não o quiseram atender, porque a mãe do Dutra só tinha dinheiro para uma internação.
Dutra abraça a moça e diz:
— Calma, Ariela, o Sr. Madm já chegou e vai curar o nosso Trovãozinho.
— Trovãozinho? Isso é nome de gente? — Indaga Madm.
Ao ouvir o nome de Madm e sua voz, o garoto reage e diz:
— João José, mas todo mundo me chama de Trovão, porque dizem que sou espontâneo como o Apóstolo João, o apóstolo do amor.
Madm pega a mão do garoto e diz:
— Você conhece a história de João, Trovão?
— Sim, minha mãe, Tainara, é muito evangélica, ela não perde um culto do Pastor Paulo. O meu irmão ao seu lado, todo mundo chama de Dutra, por causa do nosso sobrenome e porque ele é soldado do quartel, mas o nome dele é Jonas Jacó, por causa dos personagens da Bíblia. Minha irmã é Éfra, que significa novilha, e eu sou João José, por causa do apóstolo mais amado por Jesus e por causa do filho mais amado de Jacó.
— Pra quem está doente, você é muito falante, não acha? — Pergunta Madm, tocando a mão do garoto e, em seguida, sua testa, percebendo o resfriamento imediato dela. — Em seguida, ele diz: — Precisamos visitar a irmã dele; se ele estava assim, imagina a irmã dele, deve estar muito pior.
Trovão percebe que a febre passou imediatamente, toca sua testa e grita:
— Eu estou curado! Eu não sinto mais dor! O quê? Não pode ser? Gente, eu fui curado! Eu tô curado!
À medida que Trovão grita, algumas pessoas com dor se levantam e caminham em direção a Madm. Uma mulher diz:
— Você pode curar pessoas?
— Sim, ele pode! Ele pode curar qualquer pessoa apenas com um toque. — Diz Dutra.
A mulher toca em Madm e diz:
— Você pode me curar?
Os doentes, na espera por serem atendidos, ficam ao redor de Madm, clamando para serem curados. Madm, preocupado, dá um passo para trás. O barulho e a confusão obrigam a segurança do hospital a agir. Madm é separado e levado para um corredor separado na parte interna do hospital, acompanhado por William, Amada, Dutra, Trovão, Ariela e Nokram.
Na sala, Ariela reclama:
— Caramba, esse povo tá doente ou está louco?
Amada lamenta:
— A culpa é de quem ficou gritando que Madm cura.
— Desculpa, mas é que todo mundo precisa saber disto. Você foi enviado por Deus, o mundo precisa conhecer isso, a salvação enviada por Deus. — Diz Dutra.
Nokram então pondera:
— O Dutra está certo, essas pessoas precisam de ajuda, não podemos negar a elas.
— Mas isso precisa ser feito com ordem. — Sugere, Amada.
Madm olha para todos e finalmente se pronuncia:
— Precisamos que as pessoas sejam abençoadas, mas não pode haver cura de forma espontânea. As pessoas precisam compreender que é o Deus do céu quem as cura, e que precisam voltar-se para a Lei de Deus.
— O que faremos então? — Pergunta, William.
— Preciso ver a Éfra antes de ir embora. Viemos aqui para isso. — Diz Madm.
— Se o Trovão estava com cerca de 40 °C, imagina a irmã dele? — Indaga, Amada.
Ariela então surpreende:
— O Trovão estava pior do que ela, mas ele acreditava que seria curado por vocês, e como não tinha dinheiro para o duplo atendimento, ele pediu para a mãe levar a irmã dele, e ele ficou aguardando vocês.
— Sério, isso? — Indaga Nokram.
Trovão abaixa a cabeça e diz:
— Desculpa, o Dutra ganha pouco, só tinha dinheiro para uma internação, a dela era mais barata. Meu pai está trabalhando e ainda não recebeu. Eu estava quinta na celebração de vocês. A gente já estava doente, eu sabia que vocês, de alguma forma, poderiam trazer a bênção de Deus para nós. Me perdoem.
As palavras de Trovão emocionam Madm e Amada, que juntos o abraçam. Então, Madm pede:
— Capitão, o senhor pode falar com a direção do hospital para trazerem-na aqui? Depois de atendê-la, vamos sair pelos fundos, de forma discreta.
— Não vamos curar aqueles doentes, vamos? — Indaga Nokram, indignado.
— Se curarmos eles antes de sermos atendidos, nos tornaremos celebridades, uma espécie de curandeiros. As pessoas nos procurarão para ter bem-estar e pouco se importarão com a Lei de Deus. Além disso, como acham que a direção do hospital reagirá se a gente curar essas pessoas antes delas serem atendidas e deixar seus cheques na recepção? — Explica Madm.
Nokram balança a cabeça indignado, orando em seus pensamentos: “Pai, perdoe-nos, pois o Senhor tem nos enchido de poder e temos ignorado as necessidades dos mais vulneráveis.”





