Fazenda de Thomaz Muller, sexta-feira, 29 de março de 1963, no calendário católico, final do 4º dia do 1º mês no calendário da Bíblia.
A noite cai suavemente sobre a Fazenda de Thomaz Muller, o céu é tingido de roxo e laranja enquanto as primeiras estrelas começam a surgir. O som de grilos enche o ar, misturado ao forte ranger de uma caminhonete que deixa a fazenda.
Faustão vê a cena e murmura, lamentando:
— Ele saiu sem falar com a Kilba?
Aparício cruza os braços e rebate, com voz seca:
— Não foi você que acabou de repreender o Duck, dizendo que o chefe não tem que dar satisfação para nenhum de nós?
Calado e visivelmente indignado, Faustão cerra os punhos antes de se dirigir ao interior da casa.
No canto de um dos cômodos, Kilba trabalha sozinha, dobrando roupas sobre uma mesa antiga.
— Ele não falou com você? — Indaga Faustão, com voz preocupada.
— Não! Mas tenha certeza de que eu não vou tirar esse filho, no máximo procurar um novo emprego. — Responde ela, com voz firme e olhos brilhantes em expressão de determinação.
Faustão sente compaixão, com seu rosto suavizando enquanto se aproxima dela.
— Fique tranquila, Kilba, se ele te demitir, tenha certeza de que eu me demito. — Diz ele, com voz emocionada.
Kilba, preocupada, abaixa a cabeça e lamenta:
— Você não precisa tomar as minhas dores, eu sei o que fiz, e eu sei o que eu vou fazer. Só comentei que, por você ser evangélico, sabe que eu posso ser adúltera, mas não sou assassina.
Faustão, indignado, bate o punho na mesa e reafirma:
— Eu não me batizei e me consagrei pastor para aceitar tudo que me convém. Não se trata de tomar suas dores, se trata de defender o que é justo!
O silêncio paira na sala, interrompido apenas pelo crepitar da lâmpada, enquanto os dois se encaram, carregados de emoção.
Residência de William.
Algum tempo depois, na residência de William, Madm e seus amigos cantam e louvam o Deus Criador junto com William e sua família. Aos poucos, vizinhos e amigos chegam à residência deles e também celebram. Em meio à chegada de muitos, Menslike se mostra apreensivo e repetidas vezes pergunta sobre Let:
— Por que ela ainda não chegou? — Pergunta ele a Ângela, com voz ansiosa.
— Ela não está acostumada a guardar o Yom Shabat, tinha aula longe. Já deve estar chegando. — Responde Ângela, com voz calma.
Alguns minutos depois, ele se dirige a William:
— Será que não ocorreu algo com sua irmã? Algum acidente ou algo assim? — Pergunta com voz preocupada.
— Eu sou capitão de polícia, ela está com meu carro, se algo ocorrer, certamente meus amigos na Polícia Rodoviária me avisarão. Fique tranquilo. Ela já deve estar chegando. — Tranquiliza William, com voz firme.
Após entoarem diversas músicas, o local lota de amigos e vizinhos do capitão de polícia. Em meio a estes, Faustão também se aproxima do portão, pede licença e diz:
— Senhor William, eu soube que o senhor foi abençoado por estes anjos de Deus que estiveram na fazenda onde eu trabalho, antes de virem para cá. Queria saber se posso participar deste culto de gratidão com vocês. — Diz ele, com voz respeitosa.
— Claro! Todos são bem-vindos. — Diz William, com voz acolhedora, ignorando o fato de Faustão trabalhar com Thomaz Muller, alguém que ele claramente não aprova.
Após entoarem cerca de vinte músicas, William pede para todos se assentarem em mesas e, na ausência de mesas, em tecidos, postos ao chão, onde recebem alguns pães e frutas para degustarem e, quando todos se assentam, ele diz:
— Durante esta semana, Deus me abençoou tremendamente. Ele trouxe a cura à Ângela e a um grupo de amigos muito abençoado que, durante os últimos quatro dias, me ensinou mais sobre a Bíblia do que aprendi em minha vida inteira. Então, eu os chamei hoje para ouvir o que eles têm a dizer sobre a shabat, algo que aprendi nas escrituras.
William ainda está falando quando o som de uma caminhonete ecoa do lado de fora. Let chega, tentando ser discreta, mas sem muito êxito, a poeira do caminho adere às rodas do veículo.
Menslike se levanta e se apressa em direção a ela, oferecendo o braço para ajudá-la a se sentar, um gesto simático que reflete sua afeição.
— Let, que bom que você chegou, estávamos todos preocupados. — Diz ele, com voz aliviada.
Alguns se entreolham, de forma discreta, com sorrisos irônicos.
Pedro, o amigo católico de William, sussurra para outro, com voz baixa:
— Será que a cura da Ângela foi mesmo obra divina, ou só um truque desses forasteiros?
O outro homem dá de ombros, intrigado. Let sorri com timidez e um pouco de vergonha, tenta justificar seu atraso:
— Me perdoem, eu tinha aula em Amambai, devido à noite, vim devagar, mas tenham certeza de que parei antes do sol se pôr. — Diz ela, com voz hesitante.
Todos se calam, ela se assenta ao lado de Menslike. Healer, ao lado de duas jovens morenas muito parecidas, uma delas com mechas louras no cabelo, comenta sozinho:
— Quase não está apaixonado, o garoto!?
As duas moças sorriem e se entreolham, e a garota sem as mechas louras pergunta:
— Perdão, mas é verdade que vocês podem curar as pessoas? — Indaga ela, com voz curiosa.
— Não! Só Deus pode curar alguém. — Responde Healer, com voz séria.
A garota com as mechas diz, irritada, lançando um olhar de desaprovação em direção a Madm:
— Eu te avisei que era perda de tempo vir aqui. Era muito melhor fazermos uma novena com o Padre Lucius, Joaquina. — Diz ela, com voz cortante.
A garota sem as mechas abaixa a cabeça e deixa Healer curioso:
— Por que a pergunta de vocês? — Indaga ele, com voz intrigada.
— Um amigo nosso, Bunnym, está com problemas de estômago, está muito magro. A gente ouviu falar que vocês poderiam curar pessoas e achou que talvez pudessem ir à casa dele e curá-lo. — Explica Maria Joaquina, com voz suave.
Enquanto isso, Madm se levanta e diz:
— Amigos, é uma honra poder falar sobre as escrituras sagradas. Quando o Eterno criou a vida na Terra, ele fez isto em seis dias. Isto está em Bereshit, livro que conhecemos na Bíblia como Gênesis, no primeiro capítulo do livro. Logo em seguida, no capítulo 2, Deus ordena que todo homem separe o sétimo dia para repousar.
Um dos convidados de William sussurra para seu amigo:
— Eu sei disso desde que fiz catequese, que horas ele vai falar a novidade?
Madm ouve, para o que estava falando, se dirige ao homem e diz:
— Exatamente aí, se formos um pouco mais adiante, no próximo livro das escrituras, o livro de Shemot, Êxodo, capítulo 20, temos registrado um trecho escrito primeiramente pelo próprio Deus em tábuas de pedra. Este trecho ficou conhecido como os dez mandamentos. O senhor conhece os dez mandamentos?
O homem sorri e diz:
— Sou católico desde criança, é claro que conheço! Amar a Deus sobre todas as coisas, não usar o nome de Deus em vão, guardar domingos e festas católicas… — O homem tenta prosseguir, mas Madm o interrompe:
— Estes são os mandamentos que o senhor aprendeu na Igreja?
— Sim! Claro! Decorei-os, assim como decorei todo o terço. Sou fiel a Deus, um católico praticante! — Afirma o homem, entusiasmado.
Madm pega uma Bíblia Católica versão Ave Maria e coloca nas pernas do homem, abre a escritura no livro de Êxodo, capítulo 20, e pede para o homem ler. O homem começa a leitura:
“Então, Deus pronunciou estas palavras: 2.‘Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. 3. Não terás outros deuses diante de minha face. 4. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 5. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso, que vingo a iniquidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, 6. Mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. 7. Não pronunciarás o nome do Senhor, teu Deus, em prova de falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o seu nome em favor do erro. 8. Lembra-te de santificar o dia de sábado. 9. Trabalharás durante seis dias e farás toda a tua obra. 10. Mas no sétimo dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. 11. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo que neles há, e repousou no sétimo dia; e, por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou.’”
Quando o homem lê o versículo 11, Madm o interrompe:
— Conseguiu perceber alguma diferença entre a sua citação dos mandamentos e o que você leu?
— Espantado, o homem gagueja ao responder:
— É!… Hã… tudo!
— Exatamente! Nesta noite, eu quero convidar vocês a começarem a estudar as escrituras. A Bíblia é a palavra de Deus? Se sim, vamos aprender o que nela tem escrito. Aqui, neste texto, nenhum domingo é citado. O sábado, nome latino para descrever o original Yom Shabat, é citado como dia de repouso. O Yom Shabat é o verdadeiro sétimo dia… — Madm prossegue seu discurso, deixando os convidados em silêncio, bastante atentos, todos mantêm os olhos fixos nele, surpresos com suas palavras. — Os profetas, como Yeshayahu, conhecido popularmente como Isaías, e Yirmiahu, conhecido como Jeremias, guardaram o Yom Shabat como sinal de aliança com Deus, prometendo bênçãos a quem o observa, conforme Isaías 56:2. Yeshua, o Messias, também o guardou, ensinando em sinagogas no Shabat, como em Lucas 4:16. Seus apóstolos, como Paulo, continuaram essa prática, conforme Atos 13:42-44. Porém, com a desjudaização política do cristianismo, influenciada por imperadores como Constantino no século IV, o domingo foi adotado, ignorando o mandamento original para alinhar-se a tradições romanas. Hoje, convidamos vocês a retornar à raiz das escrituras.
Enquanto Madm fala, as duas garotas ao lado de Healer se irritam:
— Ele fala, fala sobre a guarda de um dia, mas eu quero saber se ele vai poder curar o Bunnym ou não. — Lamenta Maria Joaquina, com voz frustrada.
— Eu acho que ele só quer doutrinar a gente, Jô, vamos embora. — Sugere a garota com mechas douradas, com voz impaciente.
Healer percebe a inquietação das moças e diz:
— Acalmem-se… — Sem saber o nome da moça, ele espera que ela complete.
A moça com a mecha loura se identifica:
— Sasha Grey, e esta é minha irmã Maria Joaquina. — Diz ela, com voz firme.
Healer sorri para as duas e promete:
— Após o discurso de meu irmão, eu vou falar com ele. Quem sabe ele visite o amigo de vocês.
Let, assentada ao lado de Menslike, se impressiona com a oratória e conhecimento de Madm:
— Como ele sabe tanto sobre as escrituras? — Indaga ela, com voz admirada.
— Hey, você esqueceu que estivemos na presença do próprio Deus? — Pontua Menslike, com voz brincalhona.
Madm encerra seu discurso, e William convida a todos para continuarem apreciando o jantar, que Madm chama de kiddush, que agora ganha arroz e manjares para serem servidos em pratos. Ao lado de Amada, Ângela também se mostra impressionada com as palavras de Madm.
Residência dos Anderson.
Enquanto isso, na residência dos Anderson, George medita sobre os últimos acontecimentos de forma solitária, sentado em uma poltrona gasta, o rosto iluminado pela luz fraca de uma lâmpada a óleo. Sua esposa percebe sua apreensão, se assenta ao seu lado e diz:
— Eu não tenho tido notícias de crimes graves nos últimos dias, então, o que poderia estar deixando meu amado tão tenso?
George sorri, abraça sua esposa e diz:
— O medo de tempos sombrios retornarem, Cleide.
Cleide tenta acalmá-lo, dizendo:
— Tempos sombrios para você, só quando a lua cheia chega, mas você tem sido tão prudente que nem isso tem lhe afetado.
— Pois é, mas assim como existem lobisomens, existem outros seres com perversidade semelhante e eu percebo que eles estão se aproximando de nós. — Insiste o homem.
Cleide se levanta, contagiada pela apreensão de seu marido, e adverte:
— A última vez que você andava assim, terminou mordido por um lobisomem. Por que não aproveita e vai até a Residência de William, festejar com ele a cura de sua esposa?
George Anderson se levanta, abraça sua esposa e confessa:
— Porque eu acredito que lá está o mal que nos atingirá. Aqueles que parecem fazer o bem para William podem estar iludindo os tolos, mas a mim, não iludem.
Residência de William.
Nesse ínterim, todos se alimentam e confraternizam na casa de William, enquanto as irmãs Sasha e Maria Joaquina procuram Healer, que está ao lado de Luk, seu irmão. Sasha diz:
— E aí? Vocês vão curar meu amigo ou não?
Luk olha Healer com espanto e indaga:
— Curar? Como assim?
Healer responde, com temeridade:
— O Bruninho, amigo delas, está doente e elas querem que o Madm o cure.
— Não é Bruninho, é Bunnym! — Rebate Sasha.
Joaquina observa as palavras de Healer e diz:
— Então é o Madm quem cura, não é? Eu vou falar com ele!
Maria Joaquina se movimenta para falar com Madm, mas é segurada por Luk, que adverte:
— Não! Deixe que eu fale!
Luk se dirige a Madm, Sasha e Joaquina o seguem a certa distância. Bebeto se aproxima de Healer e o provoca:
— Hã, tio, então você está de rolo com as duas ali.
— Não. Não diga besteira. — Corrige Healer.
— Então, você pode apresentá-las para mim? — Segue provocando Bebeto.
— Você tem 12 anos, elas têm 18, jamais teria chances com elas. — Responde Healer, indignado.
— O senhor tem 100, também é muito velho para elas. — Rebate Bebeto.
— É por isso que não terá nada entre nós! — Diz Healer, indignado, caminhando em direção a Madm.
Enquanto isso, Luk explica a situação para Madm, que hesita:
— Não! Nós combinamos que não divulgaríamos o poder que Deus nos deu. Isso só atrairá ilusão para nós.
— Mas Madm, o amigo delas, está doente. Não foi para isso que Deus nos enviou? — Rebate Luk.
Amada e Nokram percebem que eles conversam baixinho sobre algo e se aproximam. Amada, com seu jeito meigo e discreto, sussurra no ouvido de Madm:
— O que está ocorrendo?
— O Luk quer que a gente visite e cure um amigo das amigas de Healer. — Responde Madm, em tom bem baixo.
— E por que não fazemos isso? — Questiona Amada.
— Porque todos perceberão o dom que Deus nos deu e, como elas, todos nos procurarão, e isso poderá desviar o foco de nossa mensagem e missão. — Justifica Madm.
Nokram, no entanto, se irrita com as palavras de seu pai e diz:
— Hey! Na hora de acertar os números da loteria para o William, o senhor não hesitou. Na hora de curar a Ângela para nos livrar de problemas com a justiça, o senhor agiu rápido. Na hora de buscar um local para ficarmos, o senhor se abriu com Thomaz Muller, mas agora se nega a atender o pedido de duas garotas em favor de seu amigo.
— Não é isso… — Tenta justificar Madm, mas é interrompido de novo por seu filho, que afirma:
— Se o senhor não atender o pedido delas, vou achar que só está usando o poder que Deus lhe deu para proveito próprio, e isso nos faz indignos do reino de Deus.
Amada percebe a tensão nas palavras de Nokram e adverte:
— Calma, filho, seu pai atenderá o pedido das moças, mas irá à casa do rapaz depois que todos saírem, não é, meu amor? — Diz ela, em direção a Madm, que se cala, mas acena positivamente com a cabeça.
Healer, se aproximando da roda deles, sorri e diz:
— Ótimo, vou avisá-las!
Iceberg Lounge, Gotham, algumas horas depois.
Enquanto Sasha e Joaquina buscam cura para seu amigo, em Gotham, Selina Kyle aparece em frente à mansão onde Carmine Falcone reside, tocando a campainha do portão insistentemente no meio da noite. Após tocar várias vezes, uma voz de mulher responde:
— Pois não?
— Eu preciso falar com o Senhor Falcone. — Responde ela.
— Quem é a senhorita? — Pergunta a mulher, pelo interfone.
— Sou Selina Kyle, ele sabe quem sou. — Responde, a jovem.
Após alguns segundos de silêncio, a mesma mulher indaga:
— A senhorita tinha horário agendado com ele?
— Não. — Responde Selina.
— Então, Dom Falcone não está. — Justifica a mulher.
— Onde eu o encontro? — Pergunta Selina.
A pergunta de Selina irrita a mulher, que responde rispidamente:
— Moça, Dom Falcone é um homem sempre ocupado e sem agenda pública. Se a senhora é amiga dele, combine um horário direto com ele.
Selina fecha sua expressão e se resume a agradecer:
— Ok, obrigada!
Mais tarde, na Iceberg Lounge, Selina dança com outras garotas, vestindo um vestido justo de cetim preto, típico de uma dançarina sensual dos anos 60, com detalhes de renda nas mangas e um decote ousado que realça sua silhueta. Não demora até visualizar Falcone, assentado em um camarote. Ela se aproxima e sussurra no ouvido dele:
— Por que será que o maior mafioso de Gotham não quis me receber há poucas horas, quando o procurei?
Falcone balança a cabeça negativamente, e Selina o puxa pela gravata, aproximando sua boca da dele. Ele a repreende:
— Ou você está muito endividada, ou gosta de fazer o que faz! Porque a mala que te dei ontem não tem como ter sido torrada em apenas um dia.
Dançando, Selina sussurra em seu ouvido:
— Eu paguei para estar aqui. Paguei o dobro da diária para uma moça, só para olhar em seu rosto e tentar compreender o que você fez.
— Eu ajudei uma garota mimada e perdida, mas já me arrependi. — Responde Falcone.
— O que você fez com a Anikka? — Pergunta Selina.
— Do que você está falando? — Rebate Falcone.
— Eu sei que você me dispensou para ficar com ela, mas pagou algo pra ela me deixar sozinha? Qual seu rolo com minha família? E por que Annika não retornou? Se ela não voltar, a casa se torna minha, ok?
Falcone se irrita e brada:
— Chega de disparate! — Ele empurra Selina, que cai em cima de uma mesa cheia de bebidas caras. Em seguida, ele diz: — Tirem essa prostituta daqui!
Após arrumar sua gravata, ele deixa o local. Os seguranças pegam Selina e a retiram do local. Enquanto é segura, ela grita:
— Me soltem, eu só quero saber da minha amiga. Eu só quero saber onde está Annika.
Ponta Porã.
Em Ponta Porã, após a maioria dos presentes deixar a casa de William, ele se dirige à sua caminhonete. Madm o acompanha na cabine, enquanto Sasha, Joaquina e Healer sobem na carroceria do veículo.
Ao subir, Sasha reclama:
— Achei que esse horário nunca ia chegar?
— O importante é que o Bunnym fique bem. — Atenua Joaquina.
Após alguns minutos, o veículo estaciona em frente a uma humilde residência. Joaquina é a primeira a descer e bater palmas. Healer caminha a seu lado, Madm, William e Sasha atrás.
Um homem de meia-idade, bem-vestido com uma camisa social bem ajustada e calça social refinada, sai para atendê-los. Joaquina é direta:
— Perdão pela demora, mas estes são os homens que curaram a esposa do Capitão William. Eu os trouxe para fazerem o mesmo com Bunnym, Senhor Silvester.
Healer a corrige imediatamente:
— Não, o Criador, o Eterno, é quem realiza toda cura.
As palavras de Healer deixam o homem irritado:
— Vocês vão curar meu filho, ou não? — Pergunta ele.
Dois jovens muito parecidos se colocam à porta da casa, aparentemente com a mesma idade, porém um bem magro e outro bastante gordo.
Madm se aproxima de Silvester, no portão, e diz:
— Boa noite, Senhor Silvester, nós viemos conhecer seu filho e pedir para que o Criador, o verdadeiro Deus, o Deus de Israel, tenha piedade e o cure.
— Muitas curandeiras e benzedeiras já vieram aqui em casa, ninguém exibiu resultados. Por mim, eu já teria dormido, mas ele está aguardando vocês. — Diz o homem.
O grupo adentra a casa simples, uma residência de classe média para uma família com três filhos, com sala de estar modesta decorada com uma estante de madeira e retratos emoldurados, e um corredor estreito que leva aos quartos. Eles entram no quarto de Bunnym, um garoto mais magro que o jovem à porta.
Bunnym olha com esperança para Joaquina e diz:
— Minha amiga, você realmente os trouxe a mim?
Maria Joaquina acena com a cabeça, Madm se assenta ao lado de Bunnym e pergunta:
— O que você tem, meu amigo?
— Há alguns meses eu comecei a sentir dores estomacais, tenho constantes diarreias, estou muito magro e sinto muita dor. Não temos recursos para fazer tratamento, meus pais não têm tempo para ir a outra cidade. Não sei se viverei muito. — Diz ele, com voz cheia de tristeza.
O tom de voz de Bunnym enche Madm de compaixão, então ele diz para o garoto:
— Nenhum homem ou criatura pode realmente curar, toda cura e milagre pertencem ao Criador, o verdadeiro Deus, aquele que é rei, reina e virá reinar por meio de seu escolhido, conosco.
Bunnym olha para Madm com muita atenção e diz:
— Mas este Deus não delegou pessoas para realizar suas curas pela Terra?
Madm acena com a cabeça, toca a mão de Bunnym, que imediatamente para de sentir dor, enquanto Healer diz:
— E Madm foi escolhido por Deus para fazer seus milagres nesta realidade.
A expressão de Bunnym muda e ele diz:
— As dores passaram.
— Sim, Deus o curou. — Responde Madm.
— Assim, tão simples? Sem nenhum ritual? Você não vai mandar ele mergulhar no lago sete vezes? — Pergunta Sasha.
— Não. O Criador tem poder para fazer seu desejo como achar adequado e hoje ele curou seu amigo. — Responde Madm.
— Sim, eu fui curado! — Celebra Bunnym, que acrescenta: — E eu estou com fome. Por favor, sirvam-me algo.
Todos se olham, Silvester coça a cabeça sem acreditar. Em meio à incredulidade, Madm sugere:
— Se for possível, vá ao médico se examinar, mas não vá amanhã, pois é a shabat do Criador.
No entanto, Bunnym o surpreende:
— Hey, eu não preciso de médico para dizer o que estou sentindo, eu não sinto mais dor. Estou curado. — Os dois irmãos o observam, seus pais também, então ele insiste: — Mãe, pai, Asfalto, Gabi, o que estão esperando para fazer algo para eu comer, façam também para nossos amigos.
— Não estamos com fome. — Diz Healer.
— Mas comeremos contigo sim. — Rebate Madm.
Todos sorriem, alguns ainda com temeridade, outros com alegria.
Residência de William.
Nesse ínterim, Let aproveita que alguns saíram e decide se recolher em seu quarto, com o livro que Miguel lhe entregou.
A capa é negra, sem título, na primeira página, ela lê novamente: “Drácula: O Vampiro Apaixonado”, e decide ler o mesmo.
Na página seguinte, ela observa a mensagem:
“Atente para quem você odeia, pois quando muito contemplamos o odiado, corremos o risco de nos tornarmos seu reflexo e agir de forma similar a este!”
— Que louco! Ainda bem que eu não odeio nada e nem ninguém! — Comenta ela, sozinha.
Passando os olhos pela sinopse, ela lê:
“Drácula: O Vampiro Apaixonado” surge como uma sequência emocionante de “Drácula, o Guerreiro Apaixonado”. Nesta releitura envolvente, Vlad Tepes, o anti-herói que se transformou em vampiro para vingar a morte de sua amada Elisabeth, enfrenta uma nova batalha: a luta contra sua própria natureza sombria. Séculos após sua transformação, ele se vê dividido entre o desejo de justiça e a sedução do poder vampírico, enquanto busca redenção em um mundo que o vê como um monstro.
Em sua jornada, Drácula cruza caminhos com personagens marcantes: Jonathan Harker, um jovem advogado que cai em suas garras ao visitar o castelo na Transilvânia; Mina Murray, a noiva de Harker, que se vê atraída por um misterioso estrangeiro chamado Alucard (Drácula disfarçado); e Lucy Westenra, a melhor amiga de Mina, que sucumbe aos encantos sombrios do vampiro.
Nesta narrativa repleta de romance, traição e conflitos morais, Drácula é forçado a confrontar seu passado e suas paixões, enquanto tenta resistir à maldição que o consome. Será que ele encontrará a redenção que tanto busca, ou sucumbirá à sedução do poder vampírico?
“Drácula: O Vampiro Apaixonado” é uma jornada emocionante que explora os limites entre o amor e a maldade, a humanidade e a monstruosidade, em uma trama que mantém o leitor intrigado até a última página.”
— Caramba, que máximo! — Diz ela, que relê: “‘Drácula: O Vampiro Apaixonado’ surge como uma sequência emocionante de ‘Drácula, o Guerreiro Apaixonado’.” E então diz: — Vou parar de ler agora. Miguel vai ter que me entregar a história do Guerreiro Apaixonado, amanhã mesmo. Quero saber tudo sobre o vampiro que Miguel tanto odeia.
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bkpk26