Gotham, 1953.
A névoa noturna envolve as ruas estreitas de Gotham, tingindo com sombras o ar com tons de cinza e preto, enquanto o brilho fraco dos postes reflete nas poças d’água do beco ao lado do cinema Monarch Theatre.
O silêncio é quebrado pelo som de passos apressados. O recém-chegado detetive James Gordon, de sobretudo amarrotado e olhar determinado, avista um movimento suspeito e sinaliza para seu parceiro, Harvey Bullock, um homem robusto com um charuto na boca. Eles descem do carro e se aproximam.
— O que ocorreu aqui? — Pergunta Gordon, com a voz firme apesar da tensão.
— Bem-vindo a Gotham, parceiro. — Responde Bullock, puxando o distintivo. — Saiam da frente, Detetive Bullock, DP de Gotham!
A multidão se dispersa, revelando uma cena trágica. Uma garotinha, com cabelos claros e olhos marejados, consola um garotinho que chora inconsolavelmente sobre dois corpos inertes. O cheiro de sangue e pólvora paira no ar, misturado ao frio cortante.
— Vai ficar tudo bem! — Diz a garotinha, abraçando Bruce.
Gordon se aproxima, com o coração apertado ao ver as vítimas.
— O que ocorreu aqui? — Indaga, agachando-se.
— Ele perdeu os pais, como eu. — Responde à garotinha, com voz trêmula.
Gordon examina os corpos, notando a ausência de documentos, mas Bullock, com um grunhido, reconhece os rostos.
— Que merda! — Exclama, cuspindo o charuto.
— Você está diante de duas crianças, Bullock. Contenha suas palavras — adverte Gordon, o tom cortante.
— Que merda, Gordon, estes são Thomas e Martha Wayne, os proprietários dos Impérios Wayne. — Corrige Bullock, voltando-se para Bruce. — E você é Bruce Wayne?
— Bruce Wayne? — Repete a garotinha, surpresa.
Gordon a puxa de lado, sussurrando:
— Como é seu nome?
— Selina. — Responde ela, com os olhos fixos no chão.
— O que aconteceu aqui? — Pergunta Gordon, com um tom agradável, sem ter noção da gravidade do crime que acaba de ocorrer.
— Um morador de rua, acho que sei quem é. Ele sempre fica aqui, os assaltou e matou. — Explica Selina, a voz carregada de tristeza.
— Fique aqui, eu já volto falar contigo. — Diz Gordon, aproximando-se de Bruce, que soluça sobre os corpos. — Bruce, Bruce, filho, ouça-me por favor.
Bruce engole o choro por um instante, os olhos vermelhos. Gordon continua:
— Eu vou descobrir quem foi o assassino e vou colocá-lo na cadeia!
Selina ri baixo, um som quase irônico. Gordon se vira e ela diz, sem ser questionada:
— Cuidado, detetive. Estamos vivendo em Gotham!
Gotham, 1963.
A luz da manhã banha o pequeno apartamento de Selina Kyle, agora uma jovem de 18 anos, com paredes descascadas e móveis simples. Ela toma café com sua amiga, uma mulher de pele clara e sorriso astuto, que mexe no cabelo loiro.
— O que vamos fazer hoje à noite? — Pergunta Selina, cortando uma fatia de pão.
A moça, orgulhosa, responde:
— Hoje eu fui convidada para servir Dom Romano. Ele é o chefe de toda a máfia de Gotham!
— Você sempre ganha bem durante estes eventos. Quero ir também, Anikka. — Comemora Selina.
Anikka limpa a garganta e diz com voz ríspida:
— Dom Romano me convidou. Você não irá!
Selina franze a testa, irritada:
— Por que Dom Falcone não gosta de mim?
Anikka dá de ombros, evitando o olhar:
— Só eu fui convidada, Selina. Não sei o que ele pensa de você.
Tribunal de Gotham.
No mesmo instante, no corredor do Tribunal de Gotham, Bruce Wayne, agora com 18 anos, caminha sozinho rumo ao julgamento de Joe Chill. Ele verifica a Colt Python 357 Magnum escondida no coldre sob a blusa, com o peso da arma reforçando sua determinação.
“Estou pronto para fazer justiça”, pensa, os punhos cerrados.
As portas se abrem, revelando Joe Chill, cercado por procuradores e advogados. Bruce encara o assassino com os olhos queimando de ódio.
Com cada passo apressado de Joe, Bruce respira fundo, a mão direita deslizando para a arma.
“É agora!” decide ele, colocando o dedo no gatilho, com a arma ainda escondida dentro de sua blusa.
— “Pow, pow, pow” — um barulho abrupto, três tiros cortam o ar e o ambiente é tomado por gritos.
Advogados e procuradores correm, e Bruce se aproxima, vendo o corpo de Chill no chão, cheio de sangue, se espalhando.
Rachel Dawes, estagiária de olhos lindos, toca o cadáver ainda quente e nota a mão de Bruce no casaco. Olhando para o andar superior, de onde vieram os tiros, ela percebe que não foi ele. Puxando-o para longe da multidão, repreende:
— O que você pensava em fazer? Seu pai dedicou sua vida a algo que você não aprendeu?
Bruce, cheio de cólera, sussurra:
— Eu ia fazer a justiça que o poder judiciário não faria!
Rachel, firme, replica:
— Olha isso! Isso é justiça? Você acha que quem ordenou esses disparos o fez por justiça? Falcone, por acaso, é um agente da lei?
Com o rosto fechado, ela se afasta, deixando Bruce sozinho, perdido em pensamentos.
1955, dia seguinte à morte de Thomas e Martha Wayne
O sol brilha sobre o cemitério de Gotham, onde uma multidão elegante se reúne para o enterro de Thomas e Martha Wayne. Flores brancas cobrem os caixões e discursos exaltam o legado do casal. Após a cerimônia, Alfred guia Bruce, ainda atordoado, até Philip Wayne, um homem alto de cabelo grisalho.
— Este é seu tio Philip, Bruce. Ele agora é o responsável por você. — Diz Alfred, com a voz suave.
— Oi, filho. Não tenho filhos e não sei como cuidar de um garotinho, por isso vou te indicar o melhor caminho para que você seja um sucesso. — Diz Philip.
— Qual caminho, tio? — Pergunta Bruce, a voz fraca.
— Você vai para a Inglaterra, estudar em um colégio interno e se tornar um grande homem! — Responde Philip, com um sorriso forçado.
Dourados, 1963.
Enquanto Gotham vivencia a morte do assassino de Martha e Thomas Wayne, em Dourados, na clínica de Carlisle Cullen, o vampiro de pele pálida e olhar penetrante analisa os exames de Ângela, os resultados o deixando perplexo. Sozinho, ele murmura:
— Não acredito. Miguel Harker está realmente apaixonado pela jovem Letícia William, pois curou sua cunhada e não deixou nem rastro de DNA vampiro no sangue dela. Será que os Volturi têm razão e esse sentimento pode ser um problema para nós vampiros? — Então ele reflete e diz: — Até aqui, não tenho nada para acusá-lo.