10.1. O discurso de Madm.
Ponta Porã, 1963 – Festa de William.
A noite segue festiva em Ponta Porã. O aroma de churrasco paira no ar, misturado ao som de risadas e conversas. Madm, de pé diante da multidão, segue seu discurso sobre as Escrituras Sagradas:
— Então, se no começo a humanidade pecou, quando duvidou de Deus e acreditou na Serpente… Yeshayahu — profeta que tem seu nome latinizado para Isaías — relata que, com Yeshua, todas as nossas dores e erros foram transferidos para Ele. Portanto, William, Ângela, amigos… hoje esta casa vivenciou um pouquinho do reino de Deus, um pouquinho do reino do Amanhã, um pouquinho da promessa expressa em Yeshayahu 53. A morte e a dor se extinguem quando tomamos posse dessa promessa; e, quando isso acontece, começamos a vivenciar milagres em nossas vidas.
No meio do povo, um homem de pele morena, cabelo curto e grisalho, vestido com um terno simples, grita:
— Glória a Deus!
Menslike, ao lado, sorri discretamente, e Let sussurra:
— Este é o Pastor Paulo. Pentecostal. Sempre dizia que minha irmã seria curada.
Paulo caminha até Madm, emocionado. A mão no peito, a voz firme:
— Irmão, seu sermão nos comove. — Ele olha rapidamente para William. — O irmão William é testemunha: Deus me revelou que Ângela seria curada! — A emoção cresce no timbre. — E hoje vimos o milagre acontecer diante de nós!
Ele se aproxima mais e conclui, com solenidade:
— Não apenas pela cura… mas porque Deus confirmou o que me mostrou antes mesmo de acontecer — como fazia com os profetas.
A atitude de Paulo gera murmúrios. Entre os presentes, um homem de meia-idade, com camisa branca engomada, rosário no pescoço e expressão severa, comenta:
— Esses evangélicos… nem respeitam o ritual dos seus irmãos.
Ao lado dele, João — de óculos redondos e postura calma — responde:
— Hey, irmão Pedro… eu sou batista. O Pastor Paulo é pentecostal. Cada tradição tem seu jeito.
Pedro franze o cenho:
— Você é meu amigo, João, mas não meu irmão. Meus irmãos são os da minha família. Não reconheço como irmãos religiosos dissidentes que negam a Santíssima e Imaculada Igreja Católica Apostólica Romana.
Enquanto isso, Carlisle e Esme Cullen se afastam discretamente. George Anderson aproxima-se, olhar desconfiado:
— Eu não sei qual é o jogo de vocês — diz em voz baixa. — Quando esses religiosos entraram na fazenda de Thomaz Muller, eu vi. E sei que o próprio Muller ligou para o sargento Refúgio pedindo para William interceptá-los na estrada. Algo nessa história fede… e não é só a carne.
Esme segura o olhar dele, analítica. George continua:
— Ângela foi curada, William foi abençoado, e vocês apareceram com esses homens. Se fizerem mal a ele, vão se ver comigo.
Esme responde com um sorriso frio, inclinando-se ligeiramente na direção dele:
— Nós não sabemos quem são esses homens. Carlisle não tem parte nisso. Mas você… — ela aproxima o rosto — tem cheiro de animal. Daqueles que deveriam estar na mata, não no meio de gente.
George estreita os olhos, controlando-se:
— Sou policial. E o que sou ou deixo de ser… não devo explicações a mortos-vivos que deveriam estar a sete palmos do chão.
Esme começa a responder, mas Carlisle toca seu braço — um gesto silencioso, firme.
— Discutir com ele não levará a nada. Precisamos descobrir quem realmente são esses religiosos… e qual o envolvimento de Miguel Harker e Drácula nisso tudo.
Poucos metros dali, Anderson percebe Charlie Swan olhando uma foto antiga em sua carteira — ele, mais jovem, abraçado a uma mulher bonita e uma garotinha.
George resmunga:
— Fecha isso. Elas estão nos Estados Unidos. Jamais voltarão para este fim de mundo.
Swan suspira:
— Se Deus curou uma mulher com leucemia… e presenteou o marido dela com o prêmio da loteria federal… por que Ele não poderia trazer minha família de volta?
Anderson rebate com dureza:
— Milagres não existem. Ela respondeu ao tratamento do Dr. Cullen. A ciência é limitada para provar o óbvio: milagres não existem.
O clima volta-se outra vez para Madm, quando William sobe sobre um pequeno degrau e pede silêncio com o gesto seguro de um capitão experiente.
— Quero agradecer ao Pastor Paulo… por suas palavras. — Ele respira, encara a multidão. — E agradeço também ao senhor Tony Madm, cujo conhecimento trouxe esperança para esta casa. Hoje vivemos algo do reino do céu.
William abre um sorriso sincero:
— Agora… convido todos a celebrar comigo. Vamos comer, conversar e alegrar nossos corações.
10.2 — Festa da Máfia.
Boate Iceberg Lounge, Gotham, 1963.
Enquanto Madm enfrenta o surgimento de possíveis rivais religiosos em Ponta Porã, em Gotham a boate Iceberg Lounge pulsa sob luzes neon verdes, o ar espesso de charutos, perfume caro e música de jazz reverberando pelas paredes escuras. Carmine Falcone, de terno impecável e olhar inquebrável, avança pela multidão com autoridade silenciosa. Ao seu lado, Oswald — bengala elegante, sorriso torto — o conduz até a área reservada.
Lá, uma mesa longa abriga os principais mafiosos da cidade.
Falcone toma seu lugar e diz com tranquilidade:
— Desculpem o atraso.
O prefeito Hamilton Hill, sentado ao centro, responde antes que alguém pense em falar:
— Não se preocupe, Carmine. Já informei a todos que o menino Wayne, de forma inconsequente, lhe apontou uma pistola na testa durante o jantar.
Antes que o assunto esfrie, um homem de pele enrugada, terno marrom e olhos frios estala os dedos na mesa:
— Por isso eu mandei matar os Wayne! Para mim, essa família inteira devia ser extinta!
Falcone vira-se lentamente para ele — um olhar que pesa mais que gritos:
— Você fez uma das maiores merdas da história, Moxon. Wayne era um político em ascensão, dono de uma das maiores corporações do mundo com sede aqui. Além de médico que salvava vidas. A esposa dele mantinha projetos sociais. — Ele inclina o corpo, aproximando-se. — O que fiz hoje foi justiça. Joe Chill matou gente inocente.
Moxon rebate, batendo a mão:
— Inocente? Ele testemunhou contra mim! Me acusou e me jogou na cadeia por anos!
Tribunal do Júri de Gotham, década de 1940.
Paredes de madeira escura, jurados atentos, cheiro de poeira antiga.
Thomas Wayne depõe, firme:
— Moxon lucrou com o sofrimento de Gotham, explorou os vulneráveis. Eu vi meus pacientes morrerem por causa dele.
O juiz bate o martelo:
— Lew Moxon, por corrupção e extorsão, condenado a dez anos de prisão.
Reunião da máfia, 1963.
Falcone suspira, impaciente:
— Pare de se vitimizar, Moxon. Você nem ficou preso tanto tempo.
Além disso… — ele apoia os dedos sobre a mesa — eu nunca disse quem mandou matar os Wayne. Nem direi. Nem hoje, nem nunca. E você deixou um garoto órfão. O idiota do Chill matou até a mãe.
Maroni, do outro lado, ergue a sobrancelha:
— É impressão minha… ou o senhor está defendendo o homem que colocou uma arma na sua testa hoje?
Falcone apenas gira o rosto, sem pressa:
— Bruce é só um garoto, Maroni.
— Ele ajeita o terno. — E Thomas Wayne salvou minha vida quando seu pai tentou me executar por suposta traição.
Ele bate levemente o dedo na mesa e prossegue:
— Moxon errou, já pagou o bastante pelo próprio erro. Chill está morto. E foi julgado como merecia.
Ele se levanta.
— Agora vamos festejar. Meu amigo Oswald preparou uma noite digna de Gotham. Temos modelos, atrizes, garotas… diversão para todos. O passado fica no passado. Vamos.
Os homens levantam-se em risos, copos tilintam.
Eles atravessam o corredor entre luzes azuis oscilantes, som abafado de jazz e murmúrios de poder.
A ala das garotas
As portas se abrem para um salão luxuoso: modelos, prostitutas, atrizes buscando contratos — todas perfumadas, maquiadas, cuidadas para agradar.
De imediato, Falcone a vê.
Selina Kyle.
Dezoito anos.
Olhar firme, porém cansado.
Ao lado dela, Annika — a eterna oportunista.
Annika sorri, vaidosa, ela celebra:
— Viu? Eu sou a preferida dele.
Selina responde, meio rindo:
— Que sorte a sua.
Annika avança para Falcone.
— Dom Romano, eu…
Mas Falcone a interrompe. O rosto se fecha:
— O que ela está fazendo aqui?
— Ela… quem? Tem tantas garotas hoje… — Annika tenta sussurrar charme no ouvido dele. — Mas aposto que nenhuma delas é como eu…
Falcone aperta o pescoço dela, firme, sem perder o controle:
— Eu falei que queria a Selina longe disso. Não falei?
— Sim! Sim… falou… — Annika tenta respirar.
Ele solta.
— Pois não me ouviu. Hoje ela vai comigo. Quero ela na minha suíte em cinco minutos. Sozinha. Se ela não aparecer… você não verá o amanhã.
Annika corre até Selina:
— Eu falei que ele não queria você aqui!
— Credo! Eu nem falei com ninguém, fiquei parada o tempo todo. Prometi me comportar. — Responde, Selina, irritada.
— Ele quer você na suíte. Anda!
Pelo canto do salão, dois homens observam:
Um grisalho de sorriso sádico e outro — o palhaço da banca, Jack Fleck.
— Olha, Jack. — Diz Grissom. — Parece que o Dom vai querer duas hoje. Fique de olho!
Jack sorri devagar:
— Claro, senhor Grissom.
A suíte.
Annika empurra Selina para dentro.
— Seu presente está aqui, Dom Romano.
— Obrigado. — Diz Falcone, fechando a porta.
Ele se aproxima de Selina, observando o rubor no braço dela.
— Ela te machucou? Puxou você com força. — Ele toca de leve a marca. — Nunca permita que alguém faça isso com você.
Selina tenta sorrir:
— Ela é como uma irmã para mim. Só estava com medo de te decepcionar.
Falcone ergue os olhos:
— Irmã? Sua irmã é Maggie. Sua família é a Maria. Annika é só alguém que viu em você lucro.
Selina arregala os olhos:
— O senhor… conhece minha mãe e minha irmã? Como?
Falcone abre uísque, serve com precisão:
— Eu sou o Dom Romano, minha filha. Sua mãe te procura há mais de dez anos. Maggie também. Você se esconde, evita trabalhar em lugares formais para não ser encontrada… mas acha mesmo que não está na hora de voltar para casa?
Selina respira fundo:
— Minha casa é com a Annika. Estou aqui trabalhando. O senhor quer se divertir, vamos fazer isso sem romance.
Ela começa a tirar a blusa.
Falcone ergue a mão.
— Pare. Você não precisa disso. Seu pai morreu três meses depois de fazer o que fez com você. Você devia ter voltado pra casa anos atrás.
Ele pega uma mala e abre.
Selina vê a mala recheada de dinheiro, de muito dinheiro.
Falcone diz:
— Aqui tem dez vezes mais do que ganharia em dez noites. Pegue. Volte para sua mãe. Para sua irmã.
Depois… me procure. Eu te arrumo um trabalho digno.
Ele abre a porta lateral, indicando a saída.
Selina reflete, pensa, seus sentimentos se confundem, a dúvida toma conta do seu espírito, mas o medo do poderoso mafioso a impede de fazer mais perguntas. Então, ela sai em silêncio, sem saber como respirar.
1953 — Casa de Selina.
A noite é fria, silenciosa.
A lâmpada fraca balança sobre a sala imunda.
Selina, oito anos, desperta com passos arrastados.
Seu padrasto entra cambaleando:
— Selina… vem cá, minha pequena…
O cheiro de álcool invade o quarto.
— Não… por favor… — ela sussurra, tentando se encolher.
Ele puxa o cobertor.
Segura seu braço.
Rasga a camisola.
Selina chora — até que um chute desesperado atinge o joelho dele.
Ele cai, urrando e ela corre pegando uma mochila e fugindo pela janela. A rua fria a acolhe, o medo a impulsiona a nunca mais voltar, iniciando uma vida nas sombras e nas ruas de Gotham.
10.3. A curiosidade de Let.
Ponta Porã, Festa de Wiliam, 1963.
Se em Gotham o clima é tenso, na casa de William, em Ponta Porã, o aroma residual de churrasco dissipa-se no ar fresco enquanto os últimos convidados se dispersam, deixando o quintal de William envolto em um silêncio pontuado pelo canto distante de grilos.
Let, com os olhos brilhantes de curiosidade, aproxima-se de Menslike, que organiza algumas cadeiras com um sorriso sereno.
A luz suave de uma lâmpada pendente reflete em seus rostos, revelando a expressão da moça, um misto de entusiasmo e introspecção, as sobrancelhas arqueadas e os lábios entreabertos, enquanto Menslike expressa uma calma reflexiva com os olhos entreabertos como quem pondera cada palavra antes de falar.
— Você já percebeu que eu sou muito curiosa, não é mesmo? — Pergunta, Let, com a voz carregada de um tom brincalhão.
— Sim. Você é muito inteligente, eu diria que você é uma garota à frente do seu tempo. — Elogia Menslike, inclinando a cabeça com um aceno respeitoso e um brilho de admiração dançando em seu olhar.
Let sorri, ajustando uma mecha de cabelo atrás da orelha, e continua, com tom agora mais sério.
— Então, eu leio muito. Na Inglaterra, lia muito as literaturas góticas e sombrias, e achei interessante o papel de Lilith, seu pai… — Ela pausa, lançando um olhar para Madm, que conversa com William a alguns metros, parecendo da mesma idade que Menslike, e confessa com um leve riso: — Difícil falar, seu pai, está mais para seu irmão… Enfim, ele disse que Deus criou homem e mulher, e os nomeou como Adam e Chawa, mas não foi Lilith a primeira esposa de Adam.
Menslike responde sem hesitação, cruzando os braços com uma expressão confiante:
— Claro que não! Lilith é uma lenda, uma invenção.
Let franze a testa, refletindo por um momento, com os olhos fixos no chão antes de erguer o olhar com um desafio sutil:
— Eu presumi isso com o discurso de Madm, mas vocês não disseram que tudo que era ficção na sua realidade se tornou uma realidade em nossa?
Menslike hesita, com o sorriso desvanecendo enquanto ele coça o queixo, seus olhos agora carregam uma dúvida.
— Pois é! Eis aí uma dúvida. Na nossa realidade, havia histórias de ficção que se contradiziam, logo, eu não sei qual a versão desta realidade, mas é impossível tudo ser real, pois somente uma narrativa pode ser verdadeira para esta realidade.
Let sorri com um brilho travesso iluminando seu rosto e indaga novamente:
— Então Lilith pode ser verdadeira?
Menslike esboça um leve tremor nos lábios, um raro sinal de temor cruzando sua expressão, e se cala, percebendo que não tem a resposta exata para a pergunta de Let. O silêncio entre eles se mostra carregado de possibilidades.
10.4. A reunião de shedim.
Jardim do Éden, 6º Dia da Criação.
O Jardim do Éden floresce em esplendor, com riachos cristalinos serpenteando entre árvores frondosas cujas folhas brilham com tons de esmeralda, o ar impregnado com o perfume de flores exóticas e o canto melodioso de pássaros.
Enquanto Elohim molda os seres vivos com mãos divinas, os shedim, seres expulsos do céu, reúnem-se em uma área sombria. Seu líder, um humanoide majestoso com cabeça de touro, pele bronzeada reluzente e músculos definidos, demonstra poder e beleza etérea, seus chifres curvados refletem a luz celestial.
Diante de todos, ele fala com voz grave, ressoando:
— Eis que Elohim criou vida neste lugar que antes era de nosso refúgio, e o conhecendo, exceto se convencermos estes a se rebelarem, seremos expulsos deste lugar.
Do meio dos shedim, emerge uma linda mulher de cabelos negros como a noite, pele alva como a lua e olhos que brilham com um fogo sutil, asas de penas coloridas, vermelhas, azuis e douradas, cobrindo-a como um manto vivo. Ela diz com a voz melódica carregada de anseio:
— Não podemos deixar este lugar, ficou lindo, com seus rios de água pura, frutas que nunca murcham e o calor do sol que aquece nossas almas.
Um dos seres, com corpo esguio, pele acinzentada, chifres menores e olhos amarelos penetrantes, aponta para o líder e pergunta:
— O que faremos, Lord Helel?
Helel, o líder, ergue o queixo com determinação:
— Precisamos convencê-los a se unir a nós, ou se rebelarem contra Elohim, tornarem-se nossos aliados e então os governaremos.
— Mas como? — Pergunta a bela mulher,com suas asas tremendo ligeiramente.
Helel volta-se para ela com um sorriso astuto nos lábios:
— Diga-me, você, Lilith, não é você que defende que as fêmeas são as mais sábias!
10.5. O naufrágio do Gambit.
Gotham City, 1963 – Início da noite de quinta-feira, 28 de março, no calendário católico.
O estúdio da rádio WGBS em Gotham ressoa com o zumbido baixo de equipamentos, o ar impregnado com o cheiro de café frio e papel velho. Alan Scott, de cabelo negro e voz grave, senta-se diante de um microfone antigo, a luz vermelha piscando enquanto ele transmite:
— Parece inacreditável, mas o Gambit, o cruzeiro organizado pelo bilionário Robert Queen, naufragou no Pacífico. Eu sou Alan Scott e infelizmente tive que compartilhar contigo esta triste notícia.
Ele desliga os microfones com um suspiro, a expressão carregada de preocupação, e vira-se para uma mesa lateral onde há uma planta detalhada, linhas tortuosas e anotações crípticas. Seus dedos traçam os contornos do mapa, murmurando para si.
— Essas rotas… algo está fora de lugar. — Murmura ele.
10.6. Embarque no porto.
Star City, sexta-feira 22 de março de 1963, quatro dias antes da chega dos Escolhidos e Enviados a este Universo.
A brisa salgada do porto de Star City acaricia o ar, o som das ondas quebra contra os píeres, misturando-se ao burburinho dos marinheiros. Dois jovens se beijam à beira do cais. O belo garoto de cabelo loiro desgrenhado, pele bronzeada e sorriso cativante, típico de um playboy, abraça sua namorada, uma moça de cabelos negros lisos e olhos determinados, pouco mais de 20 anos. Ele sussurra:
— Tem certeza de que você não quer ir mesmo? São só dois finais de semana com uma semana completa?
— Não tem como, meu amor. Eu quero me tornar uma detetive! Você sabe! Sou idealista! Meu sonho é combater o crime, não ser uma cantora de bares a vida toda! — Pontua a moça, com tom firme.
— Você é minha mais bela cantora, Dina. Combater o crime é perigoso. Você vai se casar comigo, ser herdeira de um dos maiores impérios de Star City. A gente deveria curtir mais, afinal, imagina se, ao realizar seu sonho, um marginal dos Glades a atinge com um tiro e eu perco você, como ocorreu com o tio Malcolm. — Insiste o jovem, segurando suas mãos.
— A Sara diz a mesma coisa, Olie, mas se a gente não dedicar nossa vida a um propósito, qual o sentido de se viver? — Insiste a moça, com seus olhos brilhando, cheios de convicção.
— Se divertir! Aproveitar! — Insiste o garoto, que em seguida a beija e diz: — Mas, independente de tudo isso, saiba que eu te amo, Dina! Te amo muito!
— Eu sei, Oliver Queen, mas você nasceu em berço de ouro, você não precisa trabalhar para nada, tem tudo que deseja, minha realidade é diferente. — Pontua, Dina, afastando-se levemente.
Enquanto conversam, um homem um pouco mais velho, de cabelo castanho e porte elegante, se aproxima:
— Filho, precisamos ir, todos estão esperando!
Dina olha para ele e diz:
— O senhor, Sr. Queen, leva seu filho, mas deixa sua esposa e filha.
— Eu queria levá-los, Dina, mas Moira disse que não estava animada para curtir e pediu para também deixar a Thea. Aliás, por ela, nem o Oliver iria. — Diz o homem, com um leve sorriso.
— Mas eu vou, jamais rejeito uma oportunidade de diversão! — Pontua Oliver, beijando Dina antes de seguir o pai para dentro do navio lotado.
Enquanto Dina caminha lentamente, apaixonada, Oliver se apressa e beija uma moça loira de olhos claros, ainda mais jovem que a moça, que diz:
— Achei que não viria.
Oliver a beija novamente e diz:
— Eu tinha que fingir que queria a companhia dela, afinal, ela não pode desconfiar de jeito nenhum…
— Que você vai traí-la? — Interrompe a moça. — Acho que ela sabe que você não é fiel e nem liga para isso.
— Tudo bem, mas ela jamais me perdoaria por traí-la com a própria irmã. — Brinca, Oliver.
— Ninguém perdoaria, você sabe que sou contra isso, filho! — Diz o pai de Oliver, passando pelos dois.
A pouca distância do porto, uma mulher adentra um carro escuro, bastante nervosa, e diz:
— Nem fui me despedir! Tem certeza de que nada vai acontecer ao Oliver?
— Hey, Moira, ele é como um filho para mim! Ra’s não permitirá nem a morte dele, nem a de Robert, mas eles ficarão fora pelo tempo que for necessário. — Diz o homem.
Moira o abraça, o beija e diz:
— Malcolm, você não sabe o quanto eu fico com o coração apertado com tudo isso.
— Poderíamos evitar tudo isso se o Robert concordasse com o empreendimento. — Pontua Malcolm.
— Eu sei, ele sempre quis ser misericordioso demais, complacente. Sempre passa a mão na cabeça de todos, inclusive dos erros de Oliver. — Lamenta Moira.






2 Comments
Gostei desse capítulo! Foi cheio de tensão e mistério. A conversa dos personagens deixou tudo mais interessante, e quando o policial apareceu ficou ainda melhor. Fiquei curioso com essa parte dos Cullen e o final com o Charlie. Deu vontade de continuar lendo pra ver o que vai acontecer.
Apresentando muitos universos ein, gostei bastante dessa pergunta da Let por mais que foi respondida logo após e isso eu não gostei porque poderia deixar para ser respondido no futuro dando um fator de mistério mas ok.
Como sempre Gotham cheia de criminosos da até um clima pesado ver uma coisa ruim e logo após ver algo que está tudo bem sem ninguém saber dessa coisa ruim acontecendo.
O naufrágio do Gambit deixa pensando sobre algo que vem no futuro…